Houve o chamamento! A tarde não me enganou e ofereceu-me uma flor: a flor do maracujá. Chamavam-na “erva que dá fruto” conta-se que foi o índio o seu padrinho, ao batizá-la de maracujá, significando “comida que vem da cuia”. Sua origem é da América Tropical. Ó essa trepadeira com flores exóticas de coloração roxa que nasce branca da paz e roxa da tristeza e aos paramentos litúrgicos da Semana Santa. Nem quero saber do “Soneto d’olho do cu” de Arthur Rimbaud e Paul Verlaine e da assunção descomplexada das suas homossexualidades nesse soneto. Nem quero chafurdar na lama como porco. Eu te juro Minh ’alma que não quero ser nem trinco nem fechadura como a flor do maracujá. E sinto-me ofegante a indagar-me sem pestanejar quando vejo a sua flor e o fruto a entreolharam-se como um espelho d’água salgada. BUM! “c...aí”, “c...aí” dá pra bradar em alto som. Nem que esfacelam no calor tormentas quando os olhos fecham... Os olhos fecham pela vida etérea.
Ó Rui Mingas! Cantai... Cantai agora “Pé do maracujá “ como algodoeiro das tuas barbas e dentes de marfim da tua boca. Ó criador singular que tiveste sempre a companhia fiel da tua voz suculenta e modulada onde a roda se abre sempre e mais – para os que sabiam a tal dança ou os que se arriscam a dançá-la sem a conhecer, e começassem todos (!) a enfiar o braço direito no esquerdo uns aos outros e dançassem em círculos sem respirar. Ó energia de sentir o chão a cantar por debaixo dos nossos pés! Ó natureza da umbanda ao vermos um baobá milenário perto de nós!
Outra vez, Arthur Rimbaud com as suas loucuras a não quererem abandonar os seus disfarces “Elle est retrouvée! Quoi? L´éternité. C’est la mer mêlée, au soleil, mon âme éternelle, observe ton voeu, malgré la nuit seule, et le jour en feu (...) ”.
Depois é só beber o suco do maracujá. Sem o entreolhar da exótica e roxa flor e sonhar sempre com a cor do seu nascimento e a cor da idade da face de Rui Mingas.
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