Colunista

Não sou eu a dizer, é o próprio Ulisses Correia e Silva a afirmar, no espaço nobre da TCV, ser ele o Estado de Cabo Verde.

Vejamos: Ulisses Correia e Silva é cumulativamente líder do MpD e Primeiro-Ministro de Cabo Verde. E, nessa condição, ele afirma que a sua prioridade é reconquistar a Câmara Municipal da Praia.

Ora, a segurança, os transportes, o emprego e a exclusão social (setores que estão a destruir Cabo Verde e os cabo-verdianos) não são prioridades para o Primeiro-Ministro de Cabo Verde e líder do MpD. Não! A prioridade deste “figurão” do mundo político-partidário e governativo, é ganhar a Câmara Municipal da Praia.

E, com o estatuto que ostenta, Ulisses Correia e Silva, o homem que gere o dinheiro da nação cabo-verdiana, num momento, discrimina a Câmara Municipal da Praia, negando recursos para os principais projetos de desenvolvimento do maior municipio do país, para, no momento seguinte, atacar os responsáveis autárquicos visando apenas, e somente, o interesse particular do seu partido, o MpD.

E isto, regista a História, só acontece quando um homem assume que ele é o próprio Estado, onde não há separação entre a sua vontade e a vontade do Estado, entre o seu interesse e o interesse da população.

Para Ulisses Correia e Silva, os cabo-verdianos podem continuar a passar fome e outras privações, as ilhas podem continuar sem barcos, os agricultores sem água e sem produção, os crimes contra pessoas e património em crescendo – com assaltos a mão armada – que ele nem está aí, porque a sua prioridade é ganhar a Câmara Municipal da Praia.

O país inteiro sabe que o Primeiro-Ministro e todo o seu elenco governamental andam a sufocar a Câmara Municipal da Praia, só que não estavam muito evidentes as motivações, mas agora o chefe tirou a máscara: “como Primeiro-Ministro vou fechar os fundos de financiamento de projetos e programas destinados ao Município da Praia, paralizando o seu crescimento e desenvolvimento, porque, enquanto líder do MpD, o meu objetivo e tomar esta Câmara Municipal. Não me interessam o sofrimento do povo, os seus investimentos, as suas reivindicações, o que me interessa é apenas, e só, reconquistar a Câmara”.

Ficou alguma dúvida?...Aqui o Estado é o MpD e o MpD é o Estado. A democracia cabo-verdiana está ferida de morte!