Este fenómeno natural, pode ter várias causas:
1. As espécies marinhas, estão localizadas em habitats próprios, com características e condições, aos quais se adaptam durante os anos de sua existência, encontrando ali as condições ideias para suas necessidades, desde alimentação, temperatura, proteção, luz, oxigénio, potência hidrogenada - PH, essencialmente.
Contudo, com as oscilações térmicas, provocadas pelas alterações climáticas e a perda de vegetação marinha - o fitoplâncton - e o deslocamento de sub-espécies dos quais se alimentam as espécies maiores, dá-se, então, uma rotura no ciclo de alimentação ou no equilíbrio térmico ou ainda pelo desequilíbrio dos demais factores, causando assim, o deslocamento das espécies em massa, procurando novos habitats para compensar o desequilíbrio.
Assim, ao se aproximar muito da costa, no caso dos camarões, encontrando-se fragilizados pela falta de alimentos e pelo stress térmico, são facilmente arrastados pela crista das ondas e lançados na praia.
Esta 1ª hipótese afasta o perigo da contaminação alertada pelas autoridades de saúde,
Contudo:
2. Existe também a possibilidade de durante o processo de sua deslocação e portanto, procura de alimentos, terem ingerido alguma substância ou alimento incompatível com seu organismo ou hábito alimentar, que lhe possa ter provocado intoxicação e consequente morte. Por isso é preciso saber se deram à terra mortos ou ainda com vida, tendo assim, as autoridades de saúde local, agido corretamente ao desaconselhar o consumo destes crustáceos.
Estas duas hipóteses são as mais prováveis, no meu entender pela experiência dos estudos e conhecimentos de maricultura e gestão de recursos haliêuticos costeiros no Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas.
No entanto, como neste fenómeno, nem tudo é negativo! Estamos perante um excelente indicador: Afinal, temos potencial de produção de Camarão no mar de Tarrafal.
Desafio:
3. Agora é lançar mãos à investigação, encontrar o habitat deste exemplar, identificar/confirmar as causas de seu deslocamento e quiçá introduzir medidas de proteção deste habitat e promover a produção em condições controladas.
O quilograma de Camarão no nosso mercado atinge valores equivalentes a mil escudos.
É preciso saber interpretar a linguagem da natureza e os sinais dos tempos.
* Ambientalista, jurista, pôs-graduando em Direito do Ambiente
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