Rumores postos a circular nas redes sociais dizem que o uso de máscaras está a provocar paralisia facial nalgumas pessoas. Mas será que é assim mesmo? Especialistas respondem
Especialistas em neurologia garantem não existir nenhuma relação causa e efeito, nem nos livros de medicina, de que o uso de máscaras pode provocar paralisia facial, um distúrbio que compromete a musculatura do rosto.
Em declarações à Inforpress para esclarecer alguns rumores de que o uso de máscaras está a provocar paralisia facial, a especialista em neurologia Antónia Fortes explicou que não existe nenhum efeito adverso com o uso de máscara e o aparecimento da paralisia de “Bell” como é conhecido.
“O uso de máscara pode provocar dor de cabeça e reações alérgicas ao utilizador, mas nunca paralisia facial”, asseverou a especialista, que esclarece que o aparecimento da paralisia facial pode estar relacionado a uma infecção viral, mudança brusca de temperatura, em pessoas com diabetes descompensado, temor cerebral ou com algum histórico familiar.
Antónia Fortes realçou ainda que nos últimos tempos tem tido, na sua consulta, alguns casos de paralisia facial, mas que sempre que isso acontece procura, através de estudos, encontrar uma causa.
“Das causas encontradas tenho tido pessoas com problemas de diabetes e outros vírus, mas por uso de máscaras não”, sublinhou, afirmando que paralisia facial é uma doença autolimitada e que ataca exclusivamente o nervo facial.
Já a neurologista Albertina Fernandes garantiu que na prática clínica de neurologia não tem tido essa percepção e nem lido nada na literatura médica e científica sobre tal relação.
“A paralisia facial periférica é quando acontece uma paralisia no membro facial que pode ser provocada por uma infecção intra-auricular que pode predispor a doença, visto que o nervo afectado entra no ouvido”, assegurou, salientando tratar-se esta de uma das causas da doença.
A médica que explicou que nem sempre se consegue descobrir a causa da paralisia de Bell, afirmou ainda que o aparecimento da doença não está associado ao uso de máscara.
Segundo alguns pesquisadores da especialidade neurológica, a paralisia facial é quase que “raro” e pode ocorrer, segundo literatura médica, em “decorrência de vacinação”, com frequência muito baixa e sendo totalmente reversível, e as pessoas com histórico de alergia e reacções anafiláticas.
O osso do rosto é repleto de músculos que são responsáveis por expressões faciais como alegria, tensão, medo e por movimentos como piscar, bocejar e sorrir. Diante de uma paralisia facial, porém, essas reacções podem ser prejudicadas devido à fraqueza da musculatura da face.
Existem diversas doenças e problemas de saúde que podem causar algum tipo de paralisia facial, mas os mais comuns são o acidente vascular cerebral (AVC) e a paralisia de Bell.
A paralisia de Bell, doença descrita desde 1981 pelo pesquisador escocês Charles Bell, é um tipo de inflamação que também pode causar paralisia facial e que acredita-se ser provocada por um vírus específico da família herpes, que ao ser adquirido inflama os nervos da face, causando fraqueza nos músculos do rosto.
Alguns dos sintomas mais comuns da paralisia facial, independentemente de qual seja sua causa, são dor no rosto, zumbido e dor no ouvido, dificuldade para piscar e fechar os olhos, diminuição ou ausência de expressões faciais, dificuldade de pronunciar algumas palavras, em especial aquelas com as letras P ou B e dificuldade para engolir.
Diante de um ou mais sintomas como esses, recomenda-se a procura de ajuda médica, visto que a paralisia facial pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, apesar de ser mais comum nos adultos.
O tratamento da paralisia facial geralmente envolve reabilitação com fisioterapia e fonoaudiologia para impedir que os músculos se contraiam de forma permanente. Os cuidados oftalmológicos também merecem atenção especial durante as paralisias faciais.
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