Praia. Tio suspeito de violar sobrinha de 5 anos
Sociedade

Praia. Tio suspeito de violar sobrinha de 5 anos

Um jovem de 17 anos está a ser investigado por ter, supostamente, violado a sua sobrinha de 5 anos de idade no bairro de Achada Limpo, na cidade da Praia. O caso terá acontecido no último mês de Julho, mas só agora está a ser dado a conhecer à imprensa pelo pai da suposta vítima, que apela por uma decisão célere da Justiça, uma vez que, segundo diz, “a vítima e o agressor continuam a frequentar o mesmo ambiente”.

Ao Santiago Magazine, o pai, que pede anonimato por questões de preservação da imagem da vítima, relatou que o caso foi descoberto pela sua mãe (avó da vítima), quem aliás, conforme disse, tinha a guarda da menor na altura do suposto caso de agressão sexual.

“Eu vivo em Portugal, mas a minha filha sempre esteve com a minha mãe desde que nasceu, tanto é que a chama de mãe. Tudo aconteceu num fim-de-semana que ela foi passar com a sua mãe na casa dos familiares desta. Normalmente tomavam ela na sexta e só levavam ela de volta no domingo ou na segunda. Nessa vez levaram-na no sábado. A minha mãe ficou preocupada, mas acabou por relaxar por entender que seria por causa de um motivo justificável”, disse, acrescentando que, entretanto, ao dar banho na neta a avó notou um comportamento estranho, e a criança acabou revelando que foi vítima de violação pelo tio, irmão da mãe.

“Ela fechou as pernas numa reacção involuntária. Daí a minha mãe perguntou o que se estava a passar e ela deu uma resposta sem sentido afirmando que era terra. Nisto, a minha mãe perguntou, de novo, se ela tinha ido à praia de mar ou outra coisa e, nisso a minha filha, respondeu que a sua mãe lhe mandou dizer assim. Em seguida, a minha mãe que tem formação pedagógica, já que dona de um jardim infantil, colocou minha filha contra a parede relembrando que lhe terá ensinado que as crianças não devem mentir e, nisto, a criança contou que fora violada pelo tio, irmão da sua mãe, de 17 anos”, contou.

Segundo contou este pai, a menor disse ainda que saiu sangue e que a sua avó materna a lavou com água e vinagre. 

“A minha mãe perguntou onde estava a sua mãe (da criança) na altura e a menor respondeu que esta não estava em casa no momento do ocorrido. Segundo a menor relatou, o ato terá sido flagrado por uma tia, que terá chamado a mãe da criança, tendo esta afirmado que irá agredir o suposto violador com água quente”, acrescentou.

O pai da criança conta ainda que, em seguida, a avó paterna da vítima ligou para a mãe da menor a perguntar o que se passou, mas que esta disse que não sabia.

Nisto, prosseguiu, a avó levou imediatamente a criança ao Hospital Universitário Dr. Agostinho Neto, onde exames médicos confirmaram a tentativa de violação com penetração. Ainda, segundo disse, o caso foi comunicado à Polícia Nacional e à Polícia Judiciária, que conduziram interrogatórios com a criança.

 

No hospital... e PJ

Conforme relata este interlocutor, o primeiro médico que atendeu sua filha, como é um conhecido de sua mãe (avó da vítima), explicou que o procedimento seria chamar um outro profissional para fazer os mesmos exames e que “nisto veio outra médica que também comprovou a mesma coisa”. 

“Estranhamente, ainda no hospital, a minha mãe recebeu uma mensagem da mãe da minha filha dizendo que iria tomar a menor porque está de férias e que queria passar mais tempo com ela. O que não deixa de ser estranho, já que ela nunca manifestou interesse em ficar com criança, sempre com a desculpa de falta de tempo. Nem nos dias das mães fazia isso. E às vezes passava mais de mês sem ver a criança”, relatou. 

Quando voltaram para casa, em Santaninha, relatou este denunciante que a sua mãe e a sua filha encontraram lá a mãe da menor, que ficou a saber de onde vinham e os procedimentos feitos.

“Ela se exaltou, disse que se tratava de mentiras e que ainda iria apresentar uma queixa contra a minha mãe. Nisto a minha mãe pediu que a minha filha contasse tudo de novo e esta fez isto na frente de sua mãe. E ela começou logo a gritar com a sua nossa filha. A minha mãe interveio pedindo-a para não traumatizar ainda mais a criança ", relatou, completando que, em seguida, a progenitora tomou a criança e a levou para a casa dela, onde vive também o presumível violador.

Vinda para Cabo Verde

Este pai, preocupado com o bem-estar da filha, veio para Cabo Verde, mas desde então enfrenta dificuldades para ficar com a menor. Segundo conta, o procurador responsável, inicialmente ordenou que a criança ficasse com a avó paterna, mas posteriormente mudou a decisão sem explicação. Este alega que essa mudança pode estar relacionada com o fato de a mãe mencionar ligações políticas durante o processo.

“Depois dela ter levado nossa filha, o procurador mandou entregar a criança de novo para a minha mãe porque lá na casa de sua mãe (da criança) está o suposto agressor, caso contrário a criança deveria ser entregue ao Instituto da Criança e dos Adolescente (ICCA). Nisto a minha mãe trouxe a minha filha para casa, em Santaninha. Mas, passados dois dias, o mesmo Procurador ordenou que a criança fosse, de novo, devolvida à mãe, sem nenhuma explicação, tendo a minha mãe questionado e este respondido que depois iria mandar uma notificação, o que não aconteceu até hoje”, lamentou.

Além disso, o acusador afirma que a mãe da criança tem evitado o contacto e que a situação se tornou ainda mais complexa quando foi alegado que a menor estaria morando na casa de um deputado nacional, namorado da mãe: O pai percebe isso como uma ameaça, enquanto alega que a filha está sob o mesmo tecto que o suposto agressor.

“Achamos que o procurador não deveria ter mandado entregar a criança à mãe. Inclusive na Curadoria de Menores, a curadora disse que se fosse ela não iria tomar esta decisão”, acrescentou que regressou sábado último à Portugal.

“Ninguém faz nada!”

“Nem a Curadora de Menores e nem a Procuradoria de Menores fez nada, mesmo depois de nos termos reunidos e as autoridades terem ordenado que cada uma ficasse com a menor num dia. Uma ordem que afinal nunca chegou a ser cumprida. No primeiro dia depois de uma audiência de entendimento fiquei com a criança por cerca de meia hora e depois entreguei-a à mãe já que tinha sido combinado que eu iria ficar com ela no dia seguinte. Mas, para o meu espanto, foi a última vez que vi a minha filha, já que quando a fui buscar no jardim, me disseram que ela tinha sido tomada pela mãe desde cedo”, explicou. 

Nisto, este queixoso informou que foi falar com o mesmo procurador e disse para dizer que a mãe de sua filha não cumpriu com o acordado e este respondeu que isto já não era mais da sua competência, pelo que eu deveria procurar a Curadoria de Menores.

Curadora também com “dois discursos”

A Curadoria de Menores, envolvida no caso, também é acusada de não cumprir suas decisões, levando a uma situação caótica e deixando o pai sem contacto regular com a filha.

“Fomos à Curadoria de Menores, que nos veio a notificar para irmos lá e no primeiro dia a Curadora disse à mãe da filha que ela como mãe deveria estar do outro lado e que o seu irmão for culpado vai pagar e que ela deveria ficar feliz porque se está a fazer justiça pela sua filha. Lá ela voltou a negar que o seu irmão seja culpado, afirmando, inclusive, que este não se encontrava em casa naquele dia. Ainda nesta conversa, ela mencionou que o pai dela foi condutor de deputados, que ela trabalhava na Assembleia Nacional, que também pertence à organização partidária. Mas a curadora disse que isto não tem nada a ver”, começou a relatar.

Ainda na Curadoria, a mãe da menor que, segundo disse o queixoso, já havia apresentado um outro argumento, disse que não deixou o pai ficar com a criança porque teme que este fuja com a menor para Portugal.

“Na sequência, a Curadora disse que iria tomar providências urgentes caso ela não me deixasse ficar também com a criança. No meio da conversa, ela disse à curadora que esta não está por dentro do assunto pelo que deveria perguntar aos outros órgãos. Não sei que órgãos são, já que ela fala sempre em partido político e não sei em que ponto ela disse outros órgãos. Mas mesmo assim, acabei ficando com alguma esperança de poder estar também com a minha filha antes de regressar para Portugal. Deveria ter ficado com a criança numa sexta-feira, mas isto não aconteceu. Então na segunda-feira seguinte fui dizer que à Curadora, mas esta apresentou outro discurso. Disse que não pode tomar a criança à força, que não iria cometer o mesmo erro que o Procurador cometeu e, afinal, acabou por não tomar nada de providências urgentes que havia dito cheia de convicção”, revelou.

Para este pai, tanto o Procurador como a Curadora mudaram de ideia porque a mãe da sua filha tem mencionado relações políticas. “Estranho é que todo o mundo está com medo, até o primeiro advogado que tive neste caso nos largou por medo”, disse, acrescentando que na última quinta-feira, foi falar com o procurador para saber como é que o processo está a andar e que este o disse que o mesmo está a andar bem e que apenas aguarda pelo depoimento da médica que fez os exames, já que esta se encontra fora do país em missão de trabalho.

“Entretanto minha mãe foi ao hospital e se encontrou com aquela médica ginecologista que fez o exame na minha filha e esta disse que em nenhum momento saiu do país e que nem pode porque está num processo que a impede. Mas, ficamos a saber que no processo está o nome de outra médica, que nem sequer chegou a examinar a minha filha. Tudo muito estranho, mas ainda bem que temos uma cópia do relatório” concluiu este pai que pede justiça para a filha e solicita que as autoridades esclareçam as inconsistências no processo, incluindo a confusão com os nomes dos médicos envolvidos.

 

 

Partilhe esta notícia

Comentários

  • Este artigo ainda não tem comentário. Seja o primeiro a comentar!

Comentar

Caracteres restantes: 500

O privilégio de realizar comentários neste espaço está limitado a leitores registados e a assinantes do Santiago Magazine.
Santiago Magazine reserva-se ao direito de apagar os comentários que não cumpram as regras de moderação.