É a primeira vez, desde o atentado a tiro contra a sua pessoa ocorrido no dia 29 de julho, que o presidente da Câmara Municipal da Praia (CMP), Óscar Santos aparece a falar sobre este assunto em público, por meio de um comunicado publicado na página oficial da Câmara no facebook, onde afirma que "todos os sinais apontam no sentido de se tratar de uma cobarde vingança" por ato que ele tenha praticado enquanto Presidente da Câmara Municipal da Praia.
“Até este momento - e este é o meu entendimento pessoal - todos os sinais apontam no sentido de se tratar de uma cobarde vingança por ato que eu tenha praticado enquanto Presidente da Câmara Municipal da Praia. Sei, e sempre soube, que o exercício rigoroso do cargo que me foi confiado implica agradar e desagradar, que gera satisfação e insatisfação, pois, como muitas vezes se diz, é impossível agradar a gregos e a troianos ao mesmo tempo”, escreve o autarca da capital, para considerar que se trata de um ato covarde.
Afirmando-se um verdadeiro crente no sistema democrático, Santos afirma que “os insatisfeitos é, para além da reclamação, a barra dos tribunais e não o tiro de pistola empunhada por mão criminosa”.
Face a esta situação, que é nova na realidade social e política do país, Óscar Santos, chama a atenção para o perigo que a democracia está a tomar.
“A impunidade deste ato pode dar uma contribuição decisiva para fazer escola em Cabo Verde, a tese de que é melhor não decidir ou então todas as decisões passam a ser condicionadas, fugindo ao cumprimento escrupuloso da lei e do programa sufragado por voto popular, evitando-se o risco de se ser abatido a tiro por insatisfeitos”, escreve, alertando que “a ousadia do ato cobarde, de atacar um titular de cargo público investido num mandato popular para cumprir um programa eleitoral, exige das autoridades policiais uma resposta pronta, enérgica e eficiente, pois que os criminosos não tiveram outro intuito que não fosse o de condicionar o exercício de um cargo público.”
Neste sentido, em nome de todos os titulares de cargos eletivos, especialmente os autarcas, este político faz “o mais veemente apelo às autoridades policiais no sentido de não deixarem perder esta investigação, pois o que está em causa é aquilo que nos é mais caro: a liberdade, aqui a liberdade de exercer o mandato popular sem medo, sem qualquer espécie de condicionamento, salvaguardando deste modo um elemento estruturante do nosso sistema democrático”.
Estes atos criminosos, remarca Santos, devem sim ser combatidos de frente, na medida em que “a ousadia e cobardia do atentado e os fins com ele procurados não podem deixar de merecer uma resposta de elevada proporção das autoridades, para evitar que essa via possa ser admitida como hipótese de trabalho pelos criminosos, inimigos da democracia e da liberdade e que votam um total desprezo pela vida humana”.
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