Os praienses saíram hoje às ruas para manifestarem-se contra o estado da Nação por considerarem “que não é o que os cabo-verdianos merecem”.
A manifestação, organizada pela Rede das Associações Comunitárias e Movimento Sociais da Praia, convocada sob o lema “sima nu Sta nu ka podi fika”, tendo como principais pontos de protesto a situação de justiça, a insegurança, saúde e evacuações, situação dos transportes, falta de transparência na gestão de recursos públicos e bloqueios no processo de governação local.
Os cerca de cinco centenas de manifestantes, depois da concentração na Praça Alexandre Albuquerque, no Platô, passaram pela rampa do Liceu Domingos Ramos, percorreram a Avenida Cidade de Lisboa e pararam, por alguns instantes, nas proximidades do Estádio da Várzea, onde os esperavam um forte aparato policial, que impediu os manifestantes de se cercar ao Palácio do Governo.
Da mesma forma foram recebidos em Achada Santo António, tendo sido “barrados” nas proximidades da nova sede do Banco de Cabo Verde, quando a ideia era parar à frente da Assembleia Nacional.
Em declarações à imprensa, o presidente da Rede das Associações Comunitárias, Bernardino Gonçalves, lamentou a fraca adesão dos praienses “por o custo da cidadania em Cabo Verde ser elevado” .
“As pessoas sabem que podem ter consequências mas, mesmo assim, estamos satisfeitos com o número de presentes na manifestação “, notou Bernardino Gonçalves, considerando que a sociedade cabo-verdiana é “fraca politicamente”.
“Ela é bastante partidarizada, não entende a essência da democracia (…) a nossa fraca cultura democrática pode justificar que pessoas não apareçam e que os partidos políticos tentam conotar os organizadores como arma de arremesso”, explicou.
Entretanto, informou que essa manifestação não é “isolada” e que à ela vão se somar outras intervenções, “de modo a tornar a sociedade cabo-verdiana mais amiga da democracia e da liberdade de expressão”.
De entre as intervenções, destacou a realização, nas comunidades, de animações quotidianas para esclarecer às pessoas “que país temos e que país poderíamos ter, de modo a fortalecermos, ainda mais, a nossa democracia”.
O activista social ressaltou, no entanto, que as manifestações não vão mudar o “estado das coisas”, mas, sim, “chamar a atenção dos governantes, que ficam a saber que as pessoas estão cientes”.
Video: S. Pereira
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