A secretária-executiva do Comité de Coordenação do Combate à Sida (CCS/SIDA), Maria Celina Pereira, disse, hoje, na Cidade da Praia, que os últimos estudos revelam que, em Cabo Verde, a cada 100 consumidores de drogas quatro têm infecção pelo HIV/SIDA.
Maria Celina Pereira fez estas declarações à imprensa à margem da acção de capacitação de equipas móveis de intervenção de proximidade para a redução de riscos e minimização de danos associados ao consumo de substâncias, promovida pela Comissão de Coordenação do Álcool e outras Drogas (CCAD) e o CCS/SIDA, em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (ONUDC), aberta hoje e decorre até sexta-feira, 22.
Segundo a secretária-executiva, há evidências que demonstram que a grande maioria dos consumidores de drogas têm comportamento sexual sem uso de preservativos.
“Os últimos estudos revelam que em cada 100 consumidores de drogas quatro têm infecção pelo HIV, ou seja, há uma a associação directa entre o comportamento sexual e o consumo de drogas, não só para o VIH, mas também para outras infecções sexualmente transmissíveis como sífilis, hepatites virais e outras”, citou a responsável.
Em Cabo Verde, acrescentou, existem também relatos que demonstram que certos consumidores de drogas têm múltiplas parceiras sexuais, por isso correm um risco maior de ficarem infectados com VIH.
Maria Celina Pereira garantiu, entretanto, que há todo um trabalho de proximidade, de mapeamento dos sítios de concentração dos usuários de droga, de sensibilização, de ofertas de meios de prevenção, e de diagnóstico precoce destas populações, desenvolvido ao longo dos anos em Cabo Verde.
No entanto, chamou a atenção para o facto de que a população tem “muitas vulnerabilidades”, devido ao preconceito, estigma, discriminação e dificuldade de acesso aos serviços de saúde.
Daí que, precisou, a referida acção de formação enquadra-se, sobretudo, para reforçar a capacidade dos actores sociais para poderem melhorar o acesso aos serviços dos usuários, nomeadamente nos serviços de saúde, incluindo HIV, bem como melhorar a qualidade de saúde e dos serviços que são prestados.
“É neste sentido que estamos a reforçar os conhecimentos, partilhar as evidências científicas tidas até então para podermos incluir e também garantir a problemática de integração e não deixar nenhuma população chave ao VIH fora deste serviço de saúde”, reforçou Pereira.
“Em termos da população geral estamos numa situação de baixa prevalência, segundo os últimos dados do inquérito de saúde sexual reprodutiva. Mas nas populações prioritárias vulneráveis nós temos epidemia concentrada que varia de 2 a 6%, maior do que na população geral”, disse, frisando que é nas populações prioritárias que há uma estratégia de intervenção de proximidade, garantindo assim, o acesso ao tratamento àquelas que necessitam.
A acção de capacitação insere-se no quadro do reforço das respostas conjuntas dos serviços responsáveis pelas áreas das drogas e do VIH-SIDA, no âmbito da subvenção financiada pelo Fundo Global e conta com a participação de representantes e pontos focais das instituições da sociedade civil que trabalham nos domínios de VIH-SIDA e prevenção do álcool e outras drogas, das ilhas de Santiago, Sal e São Vicente.
Comentários