Cabo-verdianas retidas em Casablanca deixadas ao deus-dará em Dakar. Autoridades nacionais totalmente omissas
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Cabo-verdianas retidas em Casablanca deixadas ao deus-dará em Dakar. Autoridades nacionais totalmente omissas

As nove comerciantes cabo-verdianas que desde sábado ficaram retidas no aeroporto de Casablanca, Marrocos, quando fizeram escala na Royal Air Maroc com destino a Paris, foram levadas para Dakar e deixadas abandonadas à sua sorte na capital senegalesa. O pai de uma delas faleceu esta tarde na Praia, mas o regresso a Cabo Verde continua indefinido, custoso e penoso.

Santiago Magazine publicou desde ontem o drama dessas nove mulheres comerciantes cabo-verdianas, mas até este nomento nenhuma autoridade nacional se sensibilizou para ajudá-las. A Comissão Nacional dos Direitos Humanos falou com elas esta terça-feira, 26, para saber com estavam, Apenas isso. O Departamento de Assistência ao Passageiro, da Agência de Aviação Civil também as contactou, mas para dizer que a Royal Air Maroc, a companhia que lhes prometera levar até Paris, garantiu que ofereceu bilhetes de passagem até Praia e hotel e alimentação assegurados em Dakar. Nada disso acontece.

As nove comerciantes cabo-verdianas, que desde sábado estavam a dormir no chão frio do aeroporto de Casablanca porque impossibilitadas de viajar a Paris por suposta proibição da entrada de cidadãos não-europeus em França, foram ontem levadas até Dakar e ali deixadas abandonadas à sua sorte.

Sónia Ortet, que desde o início falou com Santiago Magazine, disse-nos hoje que a Royal Air Maroc limitou-se a levá-las a Senegal, ficando elas próprias responsáveis pela estadia, alimentação e aquisição dos respectivos bilhetes de passagem para Cabo Verde. "Já gastamos muito com essa viagem. Fomos enganadas, estamos aqui abandonadas sem nada e ninguém para nos acudir e sem que a companhia nos devolva o dinheiro pago desde cabo Verde para ir a França", aponta.

Ortet contou esta tarde ao Santiago Magazine que chegaram a Dakar por depois das 23h e só conseguiram um espaço para ficar já ao amanhecer, por volta das 6 horas. Outro problema, relata Sónia Ortet, é que a viagem de regresso a Cabo Verde pode não estar garantida. Isto porque o próximo voo é daqui a três dias e ainda vão ter de fazer o teste Covid-19 uma hora antes da viagem.

"Ainda hoje, uma das nossas companheiras de viagem recebeu a notícia de que o seu pai morreu mas não há como sairmos daqui a tempo. Estamos abandonadas, antes na Casablanca, agora, em Dakar", diz, angustiada, a empresária, que critica a falta de apoio do Estado cabo-verdiano. "Ninguém nos acode, é lamentável".

Este jornal tentou desde tarde cedo estabelecer contacto com a agência da Royal Air Maroc na Praia mas não teve sucesso. No Ministério dos Negócios Estrangeiros idem. Inclusive tentamos contactar o ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Figueiredo soares, que não atendeu.
O drama dessas nove mulheres começou no sábado quando compraram passagem na Roayl Air Maroc, na Praia, com destino a Paris. A companhia, disseram ao SM, lhes garantiara que, feitos os testes, entrariam em França sem problemas.

Mas ao efectuarem uma escala em casablanca, Marrocos, foram impedidos de subir no avião, porque, alegadamente, o governo francês proibira a entrada no seu território de cidadãos não-europeus, à excepção de americanos e canadianos, versão que, após, insistência do grupo para ver a tal notificação, se veria a compromar ser falsa. mesmo assim não viajaram e tiveram que permanecer no aeroporto, a dormir no chão e sem comida nem água. Agora passam sufoco financeiro, físico e psicológico abandonadas em Dakar.

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SOBRE O AUTOR

Hermínio Silves

Jornalista, repórter, diretor de Santiago Magazine

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