Um possível volte-face no processo, que já havia sido arquivado na semana passada pelo procurador Nilton Moniz, poderá transformar o ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, e os inspectores que participaram na emboscada que originou o assassinato de Zezito Denti d’Oru, em arguidos de facto.
O terceiro juízo crime do Tribunal da Comarca da Praia admitiu, formalmente, os advogados Félix Cardoso e Gilson Cardoso como assistentes dos familiares de Zezito Denti d’Oru, na sequência do despacho de arquivamento, na semana passada, do processo que investigava o homicídio violento do suposto assassino a soldo Zezito Denti d’Oru, ocorrido em Outubro de 2014, na Cidadela, Praia.
O que isso tem a ver? Com este procedimento e expediente jurídico, Félix Cardoso e Gilson Cardoso vão poder avançar com um pedido de Audiência Contraditória Preliminar (ACP), medida que contradizer as contradições e omissões do despacho de arquivamento pelo MP e também noutras peças do processo, segundo apurou Santiago Magazine desde o início da semana, devendo esse pedido de ACP ser feito até esta quinta-feira, 10.
Entretanto, hoje o jornal A Nação traz a informação de que “nesse mesmo processo ‘consta um despacho do procurador Vital Moeda, que tinha solicitado um levantamento da imunidade do ministro Paulo Rocha, no sentido de ouvi-lo como arguido’, que não chegou a acontecer”. Um jurista contactado por Santiago Magazine considera que, "a ter havido essa intenção de ouvir o minstro no âmbito daquela investigação, Paulo Rocha estaria então, de facto, materialmente indiciado, mas formalmente não sucedeu, porque, entretanto, o Ministério Público, que durante oit anos de investigação não ouviu ninguém, conforme afirmação do próprio PGR, terá impedido que tal ocorresse ao mandar arquivar o processo".
Além de Paulo Rocha, os restantes inspectores que participaram da operação de Cidadela, em que Zezito Denti d’Oru - então suspeito de assassinar a mãe de uma inspectora da PJ, foi crivado de dezenas de balas de metralhadoras - serão pronunciados como arguidos.
A favor dos advogados Félix Cardoso e Gilson Cardoso pesa o facto de a perícia portuguesa negar que Zezito tinha uma arma ou que terá algum disparo, contradizendo a versão do Ministério Público no despacho de arquivamento de ter havido uma ação de “legítima defesa”.
E há ainda, como lembra o A Nação, o depoimento da principal testemunha, Adelino Lopes (Ady), que estava no carro com Zezito, e que negou, ao ser ouvido pelo FBI, mediante carta rogatória do MP em Fevereiro deste ano, que o seu companheiro de viagem tinha uma arma quando foi abordado pelos agentes da judiciária nesse dia 13 de Outubro de 2014, no bairro da Cidadela.
Motivos aparentemente suficientes para o caso ser reaberto, obrigando ao levantamento da imunidade do ministro Paulo Rocha para depor como arguido, juntamente com a equipa de inspectores que estiveram envolvidos nessa emboscada.
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