O presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago afirmou que, 10 anos depois, hoje, Cidade Velha é uma outra urbe, com mais “cidadania e mais saudável”, mas tem ainda um grande desafio que é desenvolver o turismo.
Manuel de Pina falava em entrevista à Inforpress, por ocasião da celebração do 10º aniversário de Cidade Velha como Património da Humanidade, título atribuído pela UNESCO, que se assinala hoje.
Segundo o edil, durante esses 10 anos conseguiram resolver algumas questões ambientais que por muito tempo eram o “calcanhar de Aquiles” deste sítio, localizado no concelho de Ribeira Grande de Santiago, a 15km a Oeste da Praia.
“Temos 100 por cento (%) das casas com casa de banho e 100% das habitações estão ligadas a rede de água. Isso trouxe uma qualidade ambiental bastante aceitável, por isso, temos uma outra Cidade Velha, comparada com a de 2009”, afirmou.
Ao longo desses anos, uma das principais lutas da edilidade esteve relacionada com as construções clandestinas e as irregularidades urbanísticas. Entretanto, o autarca assegurou que apesar dos esforços, ainda este problema persiste.
Para combater esta situação, informou que foi criada uma comissão, que inclui vários parceiros e o Instituto do Património Cultural (IPC), para analisar os erros cometidos no passado, fazer o levantamento das irregularidades e discutir com a população as alternativas.
“Houve um período de laxismo, em que todo o mundo fazia o que queria e havia impotência das autoridades perante esta agressão ao sítio. Mas, todas as obras foram embargadas, multadas e foram feitas demolições. Agora é um entendimento que deve haver entre a população e essa comissão para corrigir essa situação”, frisou.
Manuel de Pina reconheceu que ainda não conseguiram fazer com que a população aproprie do sítio, mas assegurou que vão continuar a apostar em campanha de sensibilização porque é “fundamental” que as pessoas tenham o sítio como uma “pertença”.
Com a classificação da Cidade Velha como Património da Humanidade, em 2009, o autarca afirmou que o concelho passou a receber mais turistas, devido a uma forte promoção internacional, mas reconheceu que, entretanto, ainda não estão a beneficiar deste “grande fluxo” de turistas.
Neste sentido, defendeu que o grande desafio do sítio histórico é dinamizar as ofertas turísticas.
“Temos o mercado, os turistas estão aqui, mas precisamos criar ofertas, envolver os privados e os moradores. Queremos que eles permaneçam cá, consomem, tirem fotografias, pagam pelas fotografias, e a nossa gastronomia deve ser toda explorada, o artesanato deve ser mais criativo, a cultura deve ser explorada em toda a dimensão, numa perspectiva comercial”, apontou.
Manuel de Pina afirmou que já estão a trabalhar para o desenvolvimento do turismo e que o próprio Plano Estratégico de Desenvolvimento local, elaborado pela autarquia, traz como enfoque o turismo.
“Este plano já foi estudado, equacionado, projectado, inventariado, mas falta, efectivamente, concretizar esse grande feito para que o turismo possa trazer toda a dinâmica económica, trazendo consigo todos os outros sectores para atender o sector do turismo”, ajuntou.
Manuel de Pina anunciou que a edilidade vem trabalhando no sentido de melhorar ainda mais a qualidade do sítio histórico, através de um amplo programa de requalificação urbana, que passa pela requalificação da orla marítima, recuperação do circuito Forte Real de São Felipe até Sé Catedral, entre outros.
A Orla marítima, considerou, vai trazer “mais centralidade e mais-valia” para o sítio, incentivando o aparecimento de mais bares, mais restaurantes e miradouros em lugares estratégicos de ex-líbris para o sítio histórico.
Relativamente ao estado de conservação dos monumentos, Manuel de Pina afirmou que estão a decorrer obras de reabilitação e que a autarquia vai dar continuidade ao projecto de escavação arqueológica para demonstrar a “verdadeira dimensão” do sítio, no passado.
Segundo disse, a cidade que existe hoje, “nada tem a ver” com a cidade do século XVI e XVII, pois, praticamente, “ergueu-se uma cidade em cima de uma outra.
“Fazendo escavações, vamos encontrar muitos valores no sítio histórico. Essa parte de escavação é fundamental, por isso pretendemos, tão breve quando possível, fazer escavação na Igreja da Misericórdia, junto com o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas”, disse, ajuntado que com a prospecção desta igreja, onde actualmente existem apenas uma torre e alguns vestígios da dimensão, vão poder conhecer a grandeza deste espaço.
Manuel de Pina terminou dizendo que com o envolvimento de todos os actores vão conseguir levar o município a um bom porto.
A 10 de Junho de 200, a Cidade Velha foi classificada como uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo. Devido à sua história, manifestada por um valioso património arquitectónico, a 26 de Junho do mesmo ano foi classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade.
Com Inforpress
Comentários