Devido à sua amplitude, impactos, seriedade e contexto, sinto-me obrigado enquanto patriota e bom cidadão a apresentar-vos um “Cronograma/Schedule of Disruptive Events” que varreram a TACV e como foram geridos, na sequência da chegada triunfal do “Morabeza”...
Na indústria dos transportes aéreos, temos uma disciplina de grande importância que se chama "Disruption Management" ou "Disruptive Events Management" pois que “eventos disruptivos”, eventos não planeados, ocorrem regularmente em muitos sistemas e subsistemas. Os melhores exemplos ocorrem aquando das grandes aquisições, inoperabilidade de redes, disrupção nas redes, nas falências, contratos, fusões, parcerias, reorganizações, reestruturações ou mudanças quaisquer.
Devido à sua amplitude, impactos, seriedade e contexto, sinto-me obrigado enquanto patriota e bom cidadão a apresentar-vos um “Cronograma/Schedule of Disruptive Events” que varreram a TACV e como foram geridos, na sequência da chegada triunfal do “Morabeza”...
“Apertam os Cintos” e tenham muita paciência para fazermos essa “viagem”, mas vale a pena enquanto patriotas e contribuintes! E peço às minhas amigas e amigos que notem (sublinho uma vez mais) que não sou candidato a nada, mas mesmo nada neste “about”, era só o que faltava, puxa vida (!):
1. 20 de Julho, chegada do B737 Max 8
2. 21 de Julho, Baptismo do B737 Max 8, seguido de sessão de fotografias de Ministros amplamente divulgadas, dentro do cockpit e sentados nos comandos da aeronave
3. Dia 22 de Julho chegada de um A321 da Getjet Airlines (Lituânia) em regime wet leasing para substituir o B737 Max 8, acabadinho de chegar. Primeira gaffe: ter comercializado voos sem que houvesse garantias reais de que haveria avião para operar esses voos, quando não se acautelou as fases do processo de certificação do avião, como se veio a verificar. O “Morabeza” está pregado no solo e deve continuar por mais uns 15 dias nesta situação. A Comunicação Social que deu uma cobertura espetacular ao Carnaval dos Ministros Pilotos, nada disse aos cabo-verdianos sobre essa relevante gaffe e facto, que somos obrigados a pagar do nosso depauperado bolso. Imperdoável!
(a) contrato de leasing aproximadamente 10.000 Euros/hr, contrato com programação específica, custo total a rondar 1Milhão de euros. Segunda gaffe: não foi prevista no contrato de leasing operação de voos extra para emergências/contingências (normais na indústria)
4. 23 de Julho, no início de uma baderna em gestação, com muitas pontas soltas no lançamento da rota Paris e nisto consiste e identificamos um terceiro erro: o facto de ser altamente desaconselhável ter 2 eventos relevantes e que requerem muita coordenação, foco, boa supervisão de processos e que foram (1) a receção de um avião novo e (2) a abertura de uma rota nova, isso numa empresa com deficit organizacional, de liderança, boas práticas, e uma estrutura dos 3C´s clássicos nas ruas da amargura: Coordenação, Comunicação e Comando fulcrais para se enfrentar com êxito qualquer situação de contingência/emergência!
(a) D4-CCI que é o B737-700 NG, por razões “emocionais”, patriotismo, autoestima, charme e marketing é designado para operação Paris VR640.
(b) LY-WSA, que é o A321 alugado à Lituânia, designado para operar Praia-LIS, TO previsto para 07:15, TO real 10:13 aproximadamente 3h de atraso; aterrou em Lisboa as 15:53 (horas de CV) e nisto consiste o erro, a gaffe número 4 e que veio lançar uma grande confusão na rede, já que se sabia de antemão, ainda antes da descolagem rumo a LIS, o impacto do atraso de 3 horas na operação LIS-SV e não se começou imediatamente a pensar e desenhar cenários objectivando a melhor solução para o problema
(c) A operação LIS-SV do dia 23, impactada pelo atraso na saída do Praia-LIS (VR606) não seria possível ser realizada à partida, devido à limitação de operação após o pôr-do-sol no AICE por aparelhos turbojatos. Assim, o CA decidiu e autorizou que a operação continuasse no percurso LIS-Praia ao invés de LIS-SV com 130 paxs (ndr. passageiros). Nisto consiste o erro nº 5, na medida em que, não foi planeado o que se iria fazer com os passageiros à chegada na Praia, como e quando seriam reencaminhados para SV, sabendo que não existia no contrato de wet leasing com a Getjet, a provisão de voos extras e que, o avião B737-700, D4-CCI, estaria a fazer night stop em CDG (Paris); que, a seguir iria voar para SV e para SAL ficando limitada a sua utilização para auxílio à recuperação da rede, nem se fizeram negociações junto do lessor/outra part, para se suportar a decisão de ir para Praia ao invés de SV. Evidente está que, a solução inteligível e congruente, era a do avião pernoitar em Lisboa e seguir 12h depois, voo direto para SV, para conforto e interesse de todos... - pasmem-se, a programação desse avião no dia 24 era nada mais nada menos que SV-LIS e LIS-Praia.
(d) O voo com 130 paxs aterrou na Praia, às16:35 LT, registando-se no imediato muitos problemas com disponibilidade de hotel para alojamento dos passageiros.
(e) 24 de Julho a Getjet (fornecedora da aeronave e tripulação para substituírem o “Morabeza”) informa que não irá operar o voo programado Praia-SV-LIS-Praia porque o voo Praia-VXE, não era um voo contratualizado, mas sim um voo extra e só tinham autorização para voar o estipulado no contrato! Por razões “ocultas”, 04 horas depois da hora programada, o CA da empresa, decidiu que a Getjet devia operar “ferry” (vazio), isso com um avião alugado a 10.000Euros/H, o percurso Praia/LIS! Deve-se adicionar ao custo do leasing o custo de aproximadamente 12 toneladas de combustível (+ - 8.000$USD, não sei o preço que fazem à TACV) que é o que esse tipo de avião leva no percurso de 1.700 milhas náuticas.
O Voo SV-LIS do dia 24 foi cancelado e, o LIS-Praia foi operado normalmente apesar do atraso de 04h.
Dia 24, o Boeing 737-700, D4-CCI, operou Paris-SV, com 2h de atraso e SV-SAL com 50 minutos de atraso; a seguir operou “ferry” (vazio) Sal-Praia, para posicionamento para o voo Praia-SV, dia 25 para tirar os 130 passageiros que vieram de LIS no dia 23... – notem que esse avião só leva 120 passageiros!
No dia 25 as 14:27 hrs, o Boeing 737-700, D4-CCI, teve que fazer um voo “ferry” (vazio) de 01:20 de duração, para queimar combustível que, num processo atabalhoado, foi reabastecido com excesso de combustível para a operação Praia-SV, o que poderia ter consequências em termos de disponibilidade de peso na operação SV-LIS. É que isso obrigaria a TACV a ter de deixar passageiros e bagagens em terra. Foi assim que o CA decidiu que o avião devia descolar “ferry” (mais um voo vazio) com destino a ilha do SAL fazer umas esperas (círculos) e regressar à Capital, para depois partir para SV com os 120 passageiros. Não consegui apurar o que se fez com os remanescentes 10 passageiros, deduzo que possivelmente foram encaminhados no voo da TICV.
O voo SV LIS do dia 24 finalmente foi operado no dia 25 com 6 horas de atraso sobre a nova programação, e o Boeing 737-700, D4-CCI, regressa mais uma vez “ferry” (vazio mais uma vez) no percurso LIS-Sal para se posicionar após ter “triunfalmente” recuperada a disrupção na rede.
Dia 25 de Julho a Getjet operou a sua programação tal como planeado fazendo Praia-Sal, com 04hrs e 15 minutos de atraso, Sal-LIS com 5 horas de atraso e LIS-Sal com 07 horas de atraso.
Não resisto a perguntar aos que estão no comando dessa empresa, se todos esses custos serão inferiores ao que seriam os custos de deixar pernoitar o avião e atrasar a operação SV em 12hrs. O avião descolava às 06:00 da manhã do dia 24, chegaria a São Vicente no dia 24 às 10h ,s aindo as 12:00hrs com destino a Lisboa chegando às 16h; saíria de Lisboa rumo a Cabo Verde o mais tardar às 18:00hrs.
Acho eu que se evitava todo esse “cabaret”, tantos voos “ferry´s”, de forma tão intensa tendo em conta o tamanho da frota, o lapso de tempo em que foram feitos(!) - 04 ferry´s/voos vazios no total: Praia-LIS A321; Sal-Praia B737; Praia-Sal-Praia B737; LIS-Praia B737, em menos de 72 horas! Um recorde em termos de bagunça gerada e caos!
Para os patriotas preocupados com a Nação, seus recursos e gestão do bem comum, com o cálculo dos custos tangíveis e intangíveis dessas loucas últimas 72 horas, devemos considerar os seguintes:
Custo de leasing + Combustível queimado no percurso ferry Praia-LIS dia 24 de Julho;
Custo do voo ferry Sal-Praia no B737-700 dia 24 de Julho (Custo Operacional da TACV por Hora de voo) + custo de combustível;
Custo do voo ferry Praia-Sal-Praia no B737-700, D4-CCI dia 25 de Julho (Custo Operacional da TACV por Hora de voo) + custo de combustível (literalmente deitado ao lixo);
Custo do voo Praia-SV do B737-700, D4-CCI dia 25 de Julho (Custo Operacional da TACV por Hora de voo) + custo de combustível;
Custo do voo ferry LIS-SID do B737-700, D4-CCI dia 26 de Julho (Custo Operacional da TACV por Hora de voo) + custo de combustível;
Custo do Alojamento e alimentação dos 130 paxs, retidos por 36h na Praia (possivelmente se eles souberem os seus direitos será agravado por possíveis indeminizações);
Custos e impactos incomensuráveis na reputação, confiabilidade, imagem da já fragilizada marca TACV, autoestima dos profissionais da operadora como consequência natural de toda essa embrulhada!
Toda essa vertigem louca, à volta de uma frota constituída por duas aeronaves apenas, operando dois destinos apenas: Lisboa e Paris! Inverosímil, parece ficção...
Afinal quem anda por aí a sabotar quem, e o quê?
Os “Patriotas”, os “Molossos”, os “Forcados”, os “Peões de Brega” e “Rotweillers” de serviço que venham dizer da sua justiça para que cada cidadã e cidadão tire a sua conclusão acerca dessa propalada retoma e reestruturação em curso na TACV sobre as quais o UCS e o OCS falam.
* Calendário de eventos dispruptivos (tradução literal)
** Artigo originalmente publicado pelo autor na sua conta n Facebook
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