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Cimeira Rússia/África. Entre os lusófonos, só Cabo Verde brilha pela ausência
Política

Cimeira Rússia/África. Entre os lusófonos, só Cabo Verde brilha pela ausência

Cabo Verde é o único país lusófono a não estar presente na Cimeira Rússia/África, que decorre esta semana em São Petersburgo. O primeiro-ministro ignorou Moscovo e justificou aos jornalistas que Praia não quer ser interpretada como apoiante da “invasão à Ucrânia”.

“Cabo Verde não vai participar”, disse Ulisses Correia e Silva, hoje, 26, ao ser questionado pelos jornalistas, à margem do debate alargado inserido no Acordo de Concertação Estratégica (2023-2026) sobre a ausência do arquipélago na Cimeira Rússia/África.

Conforme relata a agência Lusa, o chefe do Governo disse que a não participação do país na cimeira não terá implicações, uma vez que Cabo Verde faz as suas escolhas e já fez a sua escolha neste contexto de guerra.

“Nós somos e fomos coerentes desde o primeiro momento, nós condenamos a invasão da Rússia à Ucrânia nos fóruns próprios a nível das resoluções da Nações Unidas e continuamos com a mesma opção de até esta guerra terminar não termos nenhuma ação que possa ser interpretada como apoio a esta invasão”, explicou Correia e Silva.

A cimeira Rússia/África tem confirmada a presença apenas de dois chefes de estado lusófonos (Moçambique e Guiné-Bissau) e Cabo Verde não envia representação à cimeira que junta a Rússia e os países africanos.

De acordo com a recolha feita pela agência Lusa junto dos países lusófonos, a Guiné-Bissau e Moçambique estarão representados ao mais alto nível, com os Presidentes Umaro Sissoco Embaló e Filipe Nyusi, respetivamente, enquanto Angola enviou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Téte António, e São Tomé e Príncipe estará representado pelo embaixador em Lisboa, que está também acreditado em Moscovo.

O evento deverá ser marcado não só pela invasão da Ucrânia, mas também pela questão do acesso aos cereais russos e ucranianos (cujas vendas a África foram dificultadas ou mesmo suspensas devido à guerra), a presença do grupo paramilitar Wagner em vários países africanos, e a venda de armamento.

Na semana passada, o Presidente da Guiné-Bissau afirmou que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) está preocupada com a presença de mercenários do grupo russo Wagner na região, nomeadamente no Mali.

Para além de Moçambique e Guiné-Bissau, estarão representados pelos Presidente a África do Sul e o Egito; o vice-presidente da Nigéria, Kashim Shettima, e os primeiros-ministros de Marrocos, Aziz Ajanuch, e da Argélia, Aimen Benabderrahmane.

De acordo com a agência russa de notícias, a TASS, Putin terá reuniões individuais com os presidentes das Comoros, Moçambique, Burundi, Zimbabué, Uganda e Eritreia.

O Presidente russo receberá entre quinta e sexta-feira os representantes de 49 dos 54 países africanos, incluindo 17 chefes de Estado, depois de criticar aquilo que chamou de "pressões sem precedentes" por parte dos Estados Unidos e da França para os países africanos não participarem.

Num artigo publicado na segunda-feira no 'site' do Kremlin, o Presidente russo escreveu que "hoje, a parceria construtiva, confiante e voltada para o futuro entre a Rússia e a África é particularmente significativa e importante".

Espera-se desta segunda cimeira que a Rússia e os países africanos assinem um "plano de ação até 2026" e uma série de documentos bilaterais, como anunciou o Kremlin, tentando que a relação vá além dos acordos na área da defesa e venda de armas, que resumem, na maioria dos casos, até hoje a relação de Moscovo com África.

Contudo, para Moscovo o mais importante, segundo analistas internacionais ouvidos pela Lusa, é mostrar um entendimento com os Estados africanos, apesar do conflito na Ucrânia, que alguns condenaram nas Nações Unidas, e o fim do acordo dos cereais.

 

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