O presidente da UCID declarou hoje, em conferência de imprensa, no Mindelo, que o presidente da câmara de São Vicente, Augusto Neves, se estivesse a viver num outro País, “estaria na cadeia por gestão danosa” do património municipal.
João Santos Luís, presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), respondia à acusação da véspera de Neves, também em conferência de imprensa, segundo a qual a UCID tem dificultado a acção municipal, numa “clara perseguição” e “tentativa de derrubar a câmara”, tudo na decorrência do chumbo do orçamento municipal para 2024.
“Qualquer cidadão que ler a auditoria feita à gestão da câmara, e num País onde as coisas funcionassem como deve ser, Augusto Neves deveria ser responsabilizado criminalmente, sentado no banco de réus e estar na cadeia por gestão danosa”, reafirmou Santos Luís, para quem tal não acontece porque “estamos num País que é Cabo Verde onde as coisas não funcionam como deve ser”.
“Os políticos usam e abusam do erário público, e o MpD é forte nisto, e não há ninguém que tome conta desta pouca vergonha”, acusou.
É que, para o líder dos democratas cristãos, os actos de corrupção na câmara “são claros”, quer através da auditoria, quer dos actos praticados diariamente na câmara, como, exemplificou, “o caso de um único funcionário da câmara a vender 10, 20 terrenos, com anuência do presidente da câmara”.
Sobre o facto de os vereadores da UCID terem viabilizado o orçamento em reunião camarária e o mesmo não suceder com os eleitos municipais do mesmo partido na Assembleia Municipal, João Santo Luís esclareceu que os seus vereadores deram “um sinal na câmara municipal”, mas que depois caberia ao presidente da câmara procurar a ponte para que o documento fosse aprovado na Assembleia Municipal.
Segundo a mesma fonte, os eleitos da UCID fazem a sua análise política do orçamento, “documento importante na vida do município”, e tomam a sua decisão em consonância com a direcção do partido.
“Augusto Neves considerou as favas contadas, do tipo como o orçamento passou na câmara deve obrigatoriamente sê-lo na Assembleia Municipal, mas isto não funciona assim, e nem é tácito, haveria que procurar entendimentos”, reforçou.
Ademais, lembrou o líder da UCID, ao contrário do que disse Augusto Neves, o orçamento chumbado “não trazia mais-valia nenhuma para São Vicente” e que “não é por causa desse instrumento que São Vicente vai travar o seu desenvolvimento”.
“É um copy-paste dos anteriores orçamentos e é falso que Augusto Neves tenha pedido subsistidos à UCID. É mentira”, vincou.
Aliás, para a UCID, Augusto Neves é o principal responsável pelo chumbo do orçamento para 2024, por “não estar interessado” no desenvolvimento de São Vicente, “mesmo que fale em construções de hotéis, que não é atribuição da câmara”.
“A UCID estará sempre disponível para dar o seu melhor contributo para o desenvolvimento de Cabo Verde e, particularmente, da ilha de São Vicente, mas não a reboque de esquemas fraudulentas, de corrupção e de gestão danosa de quem quer que seja”, finalizou João Santos Luís.
O orçamento e o plano de actividades da Câmara Municipal de São Vicente para o ano de 2024 foram chumbados em sessão da Assembleia Municipal realizada segunda-feira, 11, com 11 votos contra, sendo sete da UCID e quatro do PAICV, nove a favor do MpD, e uma abstenção do Movimento Mais Soncent, pelo que o município vai continuar a funcionar em regime de duodécimos em 2024.
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