OE’2024 é “despesista” e fica “aquém das necessidades reais” dos cabo-verdianos – PAICV
Política

OE’2024 é “despesista” e fica “aquém das necessidades reais” dos cabo-verdianos – PAICV

O deputado do PAICV Julião Varela afirmou que o Orçamento do Estado para 2024 (OE’2024) é um orçamento “irrealista” com “expressivo aumento” dos gastos do Estado e que fica “aquém das reais necessidades” das famílias cabo-verdianas.

O deputado do PAICV fez esta afirmação durante a abertura do debate parlamentar sobre o Orçamento do Estado para o ano económico de 2024, que arrancou esta quarta-feira, na Assembleia Nacional. 

“Diferentemente dos anos anteriores, a proposta de OE’2024 foi entregue ao parlamento na clandestinidade, ou seja, num final de semana e fora dos cânones normais e sem a presença da comunicação social para testemunhar a hora da entrega e quem foi entregue”, criticou. 

Segundo Julião Varela, o OE’2024 é “expressivo, “sem nenhuma meta” para o emprego, um orçamento “indiferente em relação à difícil situação por que passam muitas famílias” e que continua a aumentar os impostos, “mexendo nos bolsos das pessoas e nos cofres das empresas”. 

Criticou o Governo de estar, com este orçamento, a afrontar as instituições encarregadas de produzir informações estatísticas, nomeadamente o Instituto Nacional de Estatística (INE) e o Banco de Cabo Verde (BCV), em relação à taxa de Inflação e emprego. 

“Temos um orçamento com expressivo aumento dos gastos do Estado, sem nenhuma meta para o emprego, um orçamento independente em relação à difícil situação por que passam muitas famílias, que continuam a aumentar os impostos, confundindo nos bolsos das pessoas e nos cofres das empresas, que continuam a aumentar as taxas de juro e perspectiva uma redução de crédito para as empresas, que reduziu 3,3% o já fraco nível de investimento público”, criticou. 

Segundo o deputado do maior partido da oposição, tendo em conta os “sucessivos aumentos” da carga fiscal e “alguma retoma da economia”, o Governo tem visto as receitas a “aumentarem progressivamente” desde 2021, e, em 2022, teve um aumento de cerca de 27,2 % e perspectiva-se um aumento de 19,7 % em 2024. 

“Em vez de aproveitar essas folgas orçamentais para melhorar a situação dos cabo-verdianos, à semelhança do que vem fazendo outros governos, o executivo prefere aumentar as suas próprias despesas, consumindo e gastando toda a riqueza produzida”, frisou. 

Reiterou ainda que se trata de um orçamento que “carrega ainda mais nos impostos, aumenta o direito de importação de vários bens”, com “grandes reflexos” na restauração, o direito de importação de mais de 400 produtos, que inclui alimentos, medicamentos, materiais de construção civil e eletrodomésticos, com “imediato impacto no aumento do preço” junto dos consumidores. 

Apontou, por outro lado, que OE’2024 vai reduzir o nível de investimento público em cerca de 394 mil contos e que terá como resultado “menos riqueza, menos poupança, menos investimento, menos emprego, menos crescimento e mais pobreza para os cabo-verdianos”. 

“Quem também perde com este orçamento são as ilhas de Santiago e Santo Antão. A Praia perdeu 508 mil contos, que era destinado ao projeto de água e saneamento de bairros periféricos da cidade”, disse, acrescentando que o OE’2024 apresenta um “elevado nível de endividamento” e “ignora e penaliza” a classe média. 

Julião Varela criticou o facto de aumento salarial não estar estabelecido no referido orçamento, salientando que o anúncio do primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, sobre o aumento de 3% para todos os trabalhadores da Administração Central fica “muito aquém” da taxa de inflação verificada. 

“Não há aumento de salário para as classes especiais, como os professores, jornalistas e pessoal de saúde, entre outros, e perguntamos como é que esses servidores públicos, que representam a maioria, vão lidar com o custo de vida com mais impostos a serem criados. A massa salarial que o Governo se gaba e que vai aumentar em 2 % se deve unicamente ao aumento das estruturas governamentais, dos novos institutos e serviços que este Governo injustificadamente não para de criar”, indicou. 

O PAICV, salientou, espera que o Governo se disponibilize para absorver as propostas em série de especialidade, entre elas o aumento salarial para todas as categorias profissionais, aumento do salário mínimo no público e privado que dignifiquem os trabalhadores, aumento da pensão social, aumento das pensões mínimas tanto do regime contributivo público como do NPS, redução da carga fiscal. 

Partilhe esta notícia

Comentar

Inicie sessão ou registe-se para comentar.

Comentários

  • Este artigo ainda não tem comentário. Seja o primeiro a comentar!