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Líder do PAICV critica "propaganda" de Ulisses Correia e Silva
Política

Líder do PAICV critica "propaganda" de Ulisses Correia e Silva

O presidente do PAICV, Rui Semedo, acusou hoje o primeiro-ministro de “propaganda” sobre a situação de “um país que apenas existe na sua cabeça, distante do povo e desfocado da realidade”.

“O primeiro-ministro deste país, o dr. Ulisses Correia e Silva, pensa que a propaganda apaga a triste e dura realidade, que vive, na pele, a maioria dos cabo-verdianos, vítimas de um aumento estonteante do custo dos produtos da primeira necessidade, da subida galopante do custo de vida, da desvalorização do dinheiro e da descida vertiginosa do poder de compra das famílias”, acusou o líder do maior partido da oposição, reagindo ao balanço de dois anos de Governo.

Na segunda-feira, numa comunicação ao país, o primeiro-ministro destacou que em dois anos foi possível a Cabo Verde recuperar da “forte quebra” económica provocada pela pandemia de covid-19, incluindo a recuperação da procura turística, que em 2022 bateu o recorde de 853.000 turistas.

“Há dois anos assumimos o compromisso de colocar Cabo Verde no caminho seguro e estamos a cumprir”, apontou Ulisses Correia e Silva na mesma mensagem, a que o líder do PAICV chamou hoje, em conferência de imprensa, de “monólogo”, rotulando o primeiro-ministro de “ilusório e propagandeador”.

“O primeiro-ministro finge falar do balanço para falar do que não fez e que pensa fazer, como se estivéssemos no início do mandato ou, simplesmente, ainda em campanha eleitoral. Fala dos dois últimos anos ignorando que já está no poder há sete anos e que tem uma conta por prestar por aquilo que prometeu e que até transformou em compromissos para não deixar dúvidas”, criticou Rui Semedo.

O VIII Governo Constitucional da segunda República, liderado por Ulisses Correia e Silva – primeiro-ministro desde 2016 – tomou posse em 20 de maio de 2021, com o chefe do executivo a traçar então o “emprego, a eliminação da pobreza extrema e a redução da pobreza absoluta” como prioridades para este segundo mandato.

Cabo Verde recupera de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19. Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 e 17,7% em 2022, impulsionado pela retoma da procura turística.

“A economia continuará a crescer em 2023. Temos uma previsão que é conservadora de 4,8%, mas continuará a crescer e a criar empregos”, afirmou Ulisses Correia e Silva.

“Mas se dermos de barato esse crescimento em média de 12%, como está o primeiro-ministro a dizer, porquê que não se socorreu as pessoas e as famílias que estavam e estão em dificuldades extremas? Porque é que não se aumentou o salário dos trabalhadores? Porque é que não se melhorou a oferta de emprego”, questionou Rui Semedo.

Para o dirigente do PAICV, “a propósito de emprego a grande verdade é que, segundo os dados do INE, de 2016 a esta parte foram destruídos mais de 32 mil postos de trabalho”.

“Os dados indicam que em 2016 Ulisses Correia e Silva herdou um país com 210 mil empregados, o maior valor que se chegou, desde a nossa independência, em finais de 2022 tínhamos 178 mil empregados”, apontou.

Ainda para o presidente do PAICV, o primeiro-ministro “preferiu uma propaganda enganosa e a venda de novas ilusões”, em vez de “falar verdade aos cabo-verdianos e o balanço dos sete anos, que estão a revelar-se longos anos de governação, ficou por fazer-se”.

“Já é tempo de o senhor primeiro-ministro entender que a propaganda não leva a panela ao lume e não resolve os problemas das populações”, criticou Rui Semedo.

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