O presidente da Câmara Municipal da Praia, Francisco Carvalho, enalteceu hoje o “diálogo e o bom senso” para a suspensão da greve dos bombeiros da capital cabo-verdiana, que durou 35 dias.
“A Câmara Municipal da Praia informa ao país que os Bombeiros Municipais já suspenderam a greve. Foram 35 dias que a capital do país ficou praticamente desprovida dos serviços de Proteção Civil”, informou o autarca, num comunicado de imprensa.
“No entanto, o diálogo e o bom senso falaram mais alto, e hoje estamos todos satisfeitos com o regresso ao campo da batalha do corpo de bombeiros da capital de Cabo Verde”, completou Francisco Carvalho.
Os bombeiros municipais da Praia iniciaram em 01 de agosto uma greve por tempo indeterminado, reivindicando, entre outros pontos, a progressão na carreira, parte que foi cumprida para 46 desses profissionais na semana passada.
O presidente do Sindicato da Indústria Geral, Alimentação, Construção Civil e Afins (Siacsa), Gilberto Lima, que convocou a greve, disse que a paralisação terminaria assim que fosse publicada no Boletim Oficial a lista de progressões na carreia dos bombeiros da maior autarquia e capital do país, mas tal não aconteceu.
Entretanto, na segunda-feira, o sindicalista anunciou a suspensão da greve, após mais de um mês, justificando com a necessidade de acudir a população em qualquer eventualidade nesta época das chuvas, mas não descartou o regresso ao protesto futuramente, caso outras reivindicações não sejam atendidas.
De acordo com o presidente da câmara municipal, o processo que opôs o corpo de bombeiros e a autarquia vem desde 2010, sendo que em 2018, a câmara, então liderada por Óscar Santos, do Movimento para a Democracia (MpD), avançou com a progressão dos bombeiros.
Entretanto, Francisco Carvalho, do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), disse que esse ato “nasceu torto”, explicando que não se fez acompanhar da deliberação habilitante, entrando no campo da ilegalidade.
“E para resgatar a legalidade, resolvemos submeter a proposta à aprovação da Câmara Municipal, que acabaria chumbada na primeira tentativa pelos vereadores da oposição”, recordou, indicando que a proposta foi aprovada na segunda tentativa, mas apareceu mais um obstáculo.
“Desta vez promovido pelos próprios interessados, pois, em sede de concertação tripartida com a Direção Geral do Trabalho, os bombeiros declararam que iriam continuar em greve pelo menos até à publicação da deliberação no Boletim Oficial, com a garantia do pagamento da primeira prestação dos retroativos equivalente a 100% do salário mensal, bem como a atualização do subsídio de risco para os 15% e a progressão imediata com efeitos a partir de março de 2022”, enumerou.
Francisco Carvalho referiu que a ideia de pagamento da primeira prestação das indemnizações no valor igual ou superior ao salário líquido referente ao mês de setembro, tem como base o facto de que não irão receber o salário do referido mês por causa da greve.
“Essas exigências, infelizmente, a situação financeira da Câmara não suporta, por mais boa vontade que se possa ter”, entendeu o autarca, garantindo que a maior autarquia do país está empenhada em resolver dos problemas de todos os trabalhadores do município.
A Câmara Municipal da Praia disse anteriormente que pediu uma requisição civil ao Governo, para terminar com a greve, mas o executivo respondeu que não poderia fazê-lo porque os serviços mínimos sempre foram cumpridos.
Na segunda-feira, o Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros (SNPCB) de Cabo Verde também enalteceu a suspensão da greve dos bombeiros da Praia, para poderem apoiar a população no período de chuvas.
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