
O presidente dos EUA, Donald Trump, reivindica responsabilidade por atentados a navios no Caribe, em operações militares que não são mais do que execuções extrajudiciais e violações do direito internacional, conforme foi já denunciado pela ONU. Desde setembro, pelo menos 66 pessoas foram mortas.
O presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, reconheceu publicamente a sua responsabilidade pelos atentados a navios no Caribe e no Pacífico, ligando-os, sem provas, a “cartéis terroristas”, alegadamente associados ao governo venezuelano e a outros atores não especificados.
As declarações de Trump, feitas durante o American Business Forum (ABF) em Miami - que aconteceu nesta quarta-feira, 05 -, surgem quando cresce a preocupação internacional com as mais de 66 pessoas mortas em cerca de 17 operações militares desde setembro, ações denunciadas pelas NaçõesUnidas (ONU) como execuções extrajudiciais.
“Estamos explodindo terroristas de cartéis ligados ao regime de Maduro na Venezuela e em outros lugares. Não é só na Venezuela”, afirmou o inquilino da Casa Branca, sem apresentar qualquer prova que sustente as suas declarações, e reforçando uma narrativa que associa o governo venezuelano ao narcotráfico, embora nenhuma acusação contra o presidente Nicolás Maduro tenha sido comprovada perante tribunais internacionais.
Crimes internacionais
O presidente dos EUA justificou os ataques mortais argumentando que eles supostamente evitavam mortes em seu país: “Cada navio que atacamos mata, pensem nisso, se ele conseguir passar, mata 25.000 americanos ou mais. Cada vez que atacamos um navio, salvamos 25.000 vidas… vocês têm que olhar por essa perspectiva”.
No entanto, o Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, chefiado por Volker Türk, afirmou que os ataques “não foram realizados no contexto da defesa nacional ou contra indivíduos que representam uma ameaça iminente à vida”, podendo constituir crimes internacionais.
As operações, realizadas pelo Comando Sul dos EUA, incluíram o uso de força letal contra embarcações em águas internacionais sem procedimentos legais prévios.
Isso levantou questões sobre a legitimidade da abordagem militar dos EUA e sua instrumentalização para fins geopolíticos, especialmente considerando os indícios de que o governo Trump está cogitando estender os bombardeios a alvos militares dentro da Venezuela, o que reforça as suspeitas de uma estratégia de mudança de regime.
Risco de escalada da violência
A militarização do Caribe e do Pacífico pelos EUA, sob o pretexto do combate às drogas, gerou alertas regionais sobre o uso desproporcional da força e a possível escalada da violência na América Latina e no Caribe.
Os governos da Venezuela, Colômbia e Cuba rejeitaram o destacamento militar e alertaram repetidamente sobre a ameaça que ele representa para a região.
A este respeito, destacaram a necessidade de preservar a América Latina e o Caribe como uma “Zona de Paz”, conforme proclamado na II Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), realizada em Havana em 2014.
C/Opera Mundi
Foto: Michael M. Santiago
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