A Índia proibiu o TikTok em 2020, alegando preocupações de segurança. Mas já são vários os países e entidades que apresentam os mesmos receios para justificarem as restrições que impuseram ao uso da rede social chinesa em dispositivos governamentais, com a União Europeia a avançar com a sua suspensão nos telemóveis dos seus funcionários e os Estados Unidos a cogitarem ilegalizar o TikTok no seu território, depois de proibirem seu uso entre os funcionários no Congresso.
Está disseminado o medo, escreve, sem medo, o semanário Expresso, apontando desde logo que a rede social Tik Tok, detida por uma empresa chinesa na qual milhões de pessoas passam horas a ver desafios virais e partilham conteúdos, é vista por cada vez mais governos como uma ferramenta que pode ser usada para comprometer a segurança nacional.
Nos Estados Unidos há quem descreva o Tik Tok como “porta de entrada [do Governo chinês] para os nossos telemóveis”, no Canadá alerta-se que acarreta um “nível de risco inaceitável”.
De facto, o crescimento da rede social está a ser acompanhado de medidas que limitam a sua utilização. A Índia proibiu a utilização do TikTok em 2020 – a par de dezenas de outras aplicações chinesas –, alegando serem potencialmente prejudiciais à segurança e integridade do país. A medida coincidiu com um momento de tensão nas relações com a China, após um confronto violento na fronteira em que morreram 20 soldados indianos.
Também o Canadá baniu o Tik Tok de dispositiovos governamentais utilizados pelos seus funcionários, com efeito desde ontem, 28 de Fevereuiro.
A poisição do Canadá surge depois de a Comissão Europeia ter decidido suspender a rede social Tik Tok nos telemóveis dos funcionários, por suspeitas de espionagem. A medida aplica-se aos telefones de trabalho dos funcionários e aos pessoais, caso estejam registados nos serviços de dispositivos móveis da Comissão. A medida é justificada com a necessidade de “proteger a Comissão contra ameaças de cibersegurança e ações que possam ser exploradas para ciberataques”, explica um comunicado da entidade.
No email enviado aos funcionários, é requerido que desinstalem a rede social dos seus telemóveis “o mais cedo possível” e antes de dia 15 de março. A partir dessa data “será considerado que os dispositivos com a aplicação instalada não cumprem [as regras de] ambiente empresarial”.
“A medida está em linha com as políticas de cibersegurança estritamente internas da Comissão para o uso de dispositivos móveis para comunicações relacionadas com trabalho”, é ainda referido no comunicado da Comissão.
TikTok e privacidade
Em conferência de imprensa, o comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, recusou-se a indicar se houve algum incidente a envolver a rede social, escreve a agência Reuters. O TikTok mostrou-se desapontado com a decisão, alegando ter sido tomada com base em equívocos fundamentais.
“Contactámos a Comissão para esclarecimentos e explicar como protegemos os dados de 125 milhões de pessoas na União Europeia que usam o TikTok todos os meses”, disse um porta-voz da firma dona da aplicação, citado pela Reuters.
Depois de em Janeiro ter sido proibida a instalação da aplicação em telefones oficiais no Congresso dos Estados Unidos, a Comissão Europeia reuniu-se com o líder do TikTok, Shou Zi Chew, para analisar a forma como a rede social protege a privacidade dos utilizadores.
Em videochamada com Chew em janeiro, Breton ameaçou proibir o uso do TikTok na UE se a empresa não reforçasse esforços para cumprir a regulação comunitária ao nível da segurança dos utilizadores. “Com públicos jovens há grande responsabilidade. Não é aceitável que por trás de funcionalidades aparentemente divertidas e inofensivas os utilizadores demorem segundos a aceder a conteúdo nocivo e por vezes até potencialmente fatal”, disse então.
* Com Expresso.pt
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