
Na terceira sessão do julgamento do agente da PSP acusado de matar o cozinheiro cabo-verdiano, as testemunhas negam que Odair tivesse qualquer objeto nas mãos, e dizem que nunca o viram exaltado ou envolvido em qualquer confronto dos os agentes que o abordaram. Os depoimentos contrariam a versão do arguido, Bruno Pinto.
Na terceira sessão do julgamento do agente da Polícia de Segurança Pública (PSP), acusado de ter morto Odair Moniz, que aconteceu nesta segunda-feira, 10, no Tribunal Central Criminal de Sintra, todas as testemunhas contradisseram a versão avançada pelo arguido, Bruno Pinto, que alega que o cozinheiro cabo-verdiano estaria armado com um punhal, adensando as suspeitas de que a arma branca teria sido plantada no local pelos próprios agentes da PSP, após os acontecimentos ocorridos na madrugada do dia 21 de outubro de 2024.
À semelhança de outros depoimentos registados na sessão anterior, as testemunhas ouvidas na manhã de ontem salientam que, em nenhum momento, viram Odair exaltado, tão-pouco envolvido em qualquer confronto com os agentes da PSP que o abordara.
Testemunhas são unânimes: Odair não estava armado nem exaltado
Um homem que vive mesmo em frente ao local onde, um ano atrás, aconteceu o crime, foi a primeira testemunha a ser ouvida. Assumindo que não conseguia ver tudo da janela, salientou, contudo, que em nenhum momento viu Odair Moniz com um objeto na mão.
A segunda testemunha que disse não ter conhecido a vítima nem conhecer o arguido, apresentou uma versão semelhante. Dizendo que, na ocasião, estaria a dormir, foi acordado com o som de um carro a bater e, ao chegar à janela, viu os agentes da PSP a tentarem algemar Odair. De seguida, ouviu dois tiros e viu a vítima a cair e, coincidindo com outros depoimentos, não viu Odair com qualquer objeto ou dando pontapés aos agentes.
A terceira testemunha posicionou-se com a mesma versão dos acontecimentos, dizendo que foi alertada pelo barulho do carro e que, quando abriu a janela, viu Odair resistindo aos agentes, com as mãos erguidas, mas em nenhum momento o viu a pontapeá-los ou com qualquer objeto nas mãos.
São pormenores importantes, porque a tese do arguido é a de que a vítima estaria exibindo um punhal. Uma arma branca que, diga-se de passagem, não foi vista por ninguém, mas posteriormente aparecendo no local do crime. Uma tese, aliás, que foi excluída pela própria investigação da Polícia Judiciária (PJ) e acompanhada pelo Ministério Público (MP) na acusação contra Bruno Pinto.
Acusado por homicídio por negligência, cuja condenação poderá incorrer numa pena de prisão até 16 anos, os depoimentos das testemunhas vêm deitar por terra a versão do punhal, que procura justificar os disparos contra Odair Moniz.
C/ SIC
Foto: Sintra Negócios
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