A comunidade de Monte Grande, no município de São Filipe, celebra de 15 a 20 de Julho a terceira edição da Festa do Queijo, uma experiência que envolve tradição e inovação, conforme programação divulgada hoje pela organização.
A Associação “Ka Djidja” (Casa da Djidja, em português), que em parceria com as associações locais de Monte Grande, organiza a Festa do Queijo apresentou a programação desta terceira edição que conta com o patrocínio oficial de uma operadora de telecomunicações e com o apoio da Cooperação Portuguesa nas actividades formativas.
O representante da Associação “Ka Djidja”, Pedro Matos, disse que a terceira edição da Festa do Queijo de Monte Grande, uma localidade com forte tradição no domínio de pecuária, sobretudo caprino, visa celebrar a rica tradição queijeira da região de Monte Grande e proporcionar uma experiência única aos participantes, destacando os produtores locais de queijo, promover a cultura e o turismo da área e criar uma atmosfera “vibrante” para a comunidade e visitantes.
Esta edição vai actuar em quatro vertentes com destaque para acções de formação e capacitação sobre “Mulheres na transformação dos produtos derivados do leite e do queijo de cabra” visando capacitar as mulheres de Monte Grande para impulsionarem o desenvolvimento socioeconómico local.
A outra formação visa a capacitação na produção semi-intensiva de ruminantes para pequenos criadores e produtores, utilizando técnicas básicas de intensificação e melhoria da produção de ruminantes num ambiente mais auto-sustentável que respeite as regras básicas de uma “Só Saúde” disseminada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo a organização.
À semelhança da edição anterior, a terceira vai contemplar a realização, no dia 18 de Julho, a “Rota do Queijo” em parceria com associações locais e operadores turísticos com o objectivo de proporcionar aos turistas e demais interessados uma experiência única junto aos criadores e produtores de queijo.
“O principal objectivo é socializar os visitantes quanto ao processo de fabrico do queijo artesanal, estimular o turismo rural e gastronómico e conhecer as tradições em torno da vida do campo”, disse Pedro Matos, sublinhando que nesta edição a “Rota do Queijo” será em Cabeça Fundão no município de Santa Catarina e igualmente com forte tradição no domínio de pecuária com destaque para a caprinocultura.
Em Cabeça Fundão prevê-se visita às áreas de plantas endémicas e currais, assim como sessão de conversas sobre “educação ambiental” e degustação de queijos.
No quadro da programação da “Festa do Queijo” a organização pretende realizar um fórum de desenvolvimento local que, através de uma abordagem participativa e democrática, vai permitir a plena integração dos participantes na discussão.
Este ano o fórum terá como tema “Clima e segurança alimentar no mundo rural” tendo em conta que as zonas rurais dependem “fortemente” da agro-pecuária e dos recursos naturais para sustento e sobrevivência, tornando-as particularmente vulneráveis aos impactos climáticos, refere a organização.
O objectivo do fórum é aumentar a conscientização sobre os impactos das mudanças climáticas na segurança alimentar em áreas rurais e facilitar a troca de conhecimentos entre agricultores, investigadores, ONG e formuladores de políticas sobre estratégias eficazes de adaptação às mudanças climáticas.
O último dia é dedicado à feira de exposição e degustação de produtos derivados do leite e do queijo e alguns pratos gastronómicos típicos da ilha, animação musical e almoço convívio assim como a realização de concurso de “midjor Txapalati” (instrumento feito de sisal, usado para espantar os animais) cujo prémio é de dez mil escudos, melhor queijo Monte Grande 2024 cujos prémios são de 50, 30 e 20 mil escudos para os três primeiros classificados, doação de milho e ração e entrega de certificados.
O evento visa contribuir para a resolução da invisibilidade dos pequenos produtores locais nos circuitos de exposição e comercialização de queijos, a não valorização dos saberes, práticas e conhecimentos do mundo rural, o isolamento das comunidades rurais nos circuitos culturais e turísticos na ilha do Fogo, a ausência de um espaço para acolher os saberes e as práticas da comunidade local, o êxodo rural e o desemprego jovem.
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