Orlando Dias recusa vice-presidência da AN. “Não aceito ser silenciado”
Política

Orlando Dias recusa vice-presidência da AN. “Não aceito ser silenciado”

O deputado Orlando Dias rejeitou o convite formulado pelo presidente da MpD, Ulisses Correia e Silva para primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional, em substituição de Armindo Luz que sai para concorrer à Câmara Municipal da Ribeira Grande, Santo Antão, nas eleições autárquicas deste ano. Dias acredita que tal proposta é uma táctica da direcção do partido para o silenciar.

Num post publicado na noite deste domingo, 7, na sua conta pessoal na rede social Facebook, Orlando Dias disse ter declinado o convite porque percebeu que o real objectivo da direcção do MpD é condicionar o seu pensamento crítico.

“A propósito de alguns rumores que indicam a possibilidade de vir a ocupar o cargo de primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional, quero esclarecer o seguinte: 1. Efetivamente, fui sondado nesse sentido; 2. Após alguma ponderação, percebi que um dos objetivos seria tentar silenciar-me e condicionar as minhas ideias e o meu pensamento, pelo que manifestei total indisponibilidade”, escreveu o deputado nacional pelo círculo de África, não sem antes deixar u, aviso em letras garrafais: “NÃO ACEITO SER SILENCIADO!

Santiago Magazine também teve acesso ao conteúdo de um e-mail que Dias enviou ao presidente do MpD, Ulisses Correia, no qual apresenta os mesmos argumentos agora tornados públicos para rejeitar a proposto de poder vir a assumir a vice-presidência da Assembleia Nacional. "Boa noite. Algum tempo após a abordagem e nossa conversa relacionada com o cargo de primeiro vice-presidente da AN, analisei essa possibilidade, mas depois de alguma ponderação e como percebi que um dos objectivos é tentar silenciar-me e condicionar as minhas ideias e o meu pensamento, informo-o que já não estou disponível para o cargo, ficando o GP do MpD completamente à vontade para fazer a escolha que bem pretender. Cptos".

De recordar que Orlando Dias concorreu contra Ulisses Correia e Silva nas eleições para a liderança do partido ventoinha em Abril do ano passado, tendo perdido de forma esmagadora para o seu opositor (UCS 91,12%, OD 8,8%). Dias não perdeu tempo para contestar esses números, denunciando fraude eleitoral, através de descarregamento de votos nos cadernos eleitorais, por forma a determinar o aumento da percentagem dos votos expressos e a votação em Ulisses Correia e Silva.

Crítico assumido da actual liderança do MpD, Orlando Dias vem publicando amiúde posts revelando como o seu partido está desnorteado, sem liderança firme, com reflexos inclusive na governação do país.

"O governo continua gordo e a fazer apelos à compreensão dos que menos ganham", criticou, em Setembro passado. "Se o Estado não der o exemplo na contenção das despesas, não tem moral para pedir sacrifícios às cabo-verdianas e aos cabo-verdianos!"

Mais recentemente, o político de Santa Cruz respondeu a Olavo Correia afirmando que as justificações do vice primeiro-ministro sobre o não pagamento de quotas na CEDEAO são “descabidas”, “irreponsáveis” e “vã tentativa de justificar calote à CEDEAO”

Orlando Dias está neste momento na Nigéria, em missão do Parlamento da CEDEAO, e segue amanhã, 9, para São Tomé e Príncipe, acompanhando o presidente da República, José Maria Neves, em visita oficial. “Encontrando-me em Abuja, na Nigéria, a participar em mais uma sessão do Parlamento da CEDEAO, partirei daqui ao encontro do Presidente da República, regressando à capital nigeriana no dia 17. De 09 a 16 de julho, acompanho o senhor presidente da República numa visita de Estado a São Tomé e Príncipe”, confirmou o próprio em recente publicação nas redes sociais.

 

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SOBRE O AUTOR

Hermínio Silves

Jornalista, repórter, diretor de Santiago Magazine

    Comentários

    • José Maria Rosario Rosario, 9 de Jul de 2024

      Ulisses C. e Silva está a imitar Napoleão Bonaparte, " os homens são dirigidos com brinquedos".
      Orlando Dias não vai jamais deixar o mel de C.D.A.O., tanto mais que "aumentamos" a pensão para o dobro nos círculos eleitorais;
      Ser embaixador "cu formiga cu tudo gosta", não importando o descalabro que possa provocar noutro
      lado da barricada.
      Libertar de A. Vicente, ( o homem dos bustos e silhuetas), da "sabura" de Mindelo, foi opção certa e motivo certo.

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    • Domingos Ramos Cardoso, 8 de Jul de 2024

      Em democracias não devia haver esta tentação de "silenciar pessoas." A democracia vive da diferença, do dissenso!

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