
A Associação das Agências de Viagens e Turismo (AAVT) de Cabo Verde voltou hoje a mostrar-se preocupada pela indisponibilidade de voos domésticos, agora a partir de 16 de maio, e pede a intervenção do Governo.
“A AAVT vem através desta manifestar publicamente a enorme preocupação entre os nossos associados face à notícia de que os voos inter-ilhas só estão garantidos até ao próximo dia 16 de maio”, alertou a associação em comunicado, após vários diálogos com a única companhia aérea responsável pelos voos domésticos - a Binter Cabo Verde - e o Governo.
Para a agremiação empresarial, trata-se de uma “situação grave” e que coloca em causa não só a estabilidade e capacidade de planeamento das agências de viagens e turismo nacionais, como o planeamento dos próprios operadores internacionais.
“Sobretudo, no que tange aos passageiros emigrantes e turistas que queiram visitar diferentes pontos do país e que, por causa dessa indefinição na programação dos voos inter-ilhas, certamente, ver-se-ão na inevitabilidade de adiar as suas viagens a Cabo Verde”, lamentou.
Na nota assinada pelo presidente, Mário Sanches, a AAVT considerou que esta indefinição acontece numa altura em que o país precisa de voos e de passageiros a circulares para e pelas ilhas “como de pão para a boca”.
“Este é mais um episódio que vem acrescentar às desconfianças da longevidade e sustentabilidade do atual projeto de ligações inter-ilhas e que é mais um soco no estômago dos setores das viagens e turismo e ao projeto de consolidação do turismo interno no qual o próprio Governo, a AAVT e outros parceiros têm estado a trabalhar”, mostrou.
A associação deu conta que todas as vias diretas com os principais atores já foram esgotadas e pediu, por isso, a intervenção do Governo para encontrar uma solução constante e definitiva.
Segundo a AAVT, as empresas associadas já estão muito fustigadas com a pandemia de covid-19 e agora estão a braços com a incapacidade de planeamento num futuro próximo, o que poderá agravar ainda mais uma situação e coloca em causa a sobrevivência dos negócios.
Esta é a segunda vez que a AAVT alerta para a indisponibilidade de voos domésticos em Cabo Verde em pouco mais de um mês, na altura para abril, mas a Transportes Interilhas de Cabo Verde (TICV) voltou a disponibilizar bilhetes para voos internos, ao fim de uma semana de suspensão, tendo mantido suspensa a venda para maio.
Na altura, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, disse que a suspensão tinha a ver com um diferendo entre a entidade reguladora e a companhia aérea do país e garantiu que o Governo estava disponível para intervir para evitar que haja “interrupção” nas ligações interilhas.
A Lusa contactou a administração da TICV e a Agência de Aviação Civil (AAC) na altura, mas não obteve qualquer comentário até ao momento.
Na sexta-feira, instado novamente sobre a indisponibilidade da voos a partir de maio, Ulisses Correia e Silva reconheceu a situação difícil por que passa a companhia, mas garantiu que o Governo não vai deixar “em nenhuma circunstância” que Cabo Verde tenha problemas com voos internos.
“Os voos domésticos são fundamentais para unificação do mercado nacional e para circulação e mobilidade das pessoas, portanto, a companhia tem que assegurar os voos”, disse o primeiro-ministro, que não garante qualquer apoio financeiro à TICV, explicando que o Governo não recebeu nenhum pedido de nesse sentido.
Em 2020, os voos domésticos em Cabo Verde, operados por uma única companhia, movimentaram cerca de 125 mil passageiros, menos 286 mil (-230%) face ao ano anterior, devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19.
Em 11 de março, o Governo de Cabo Verde assinou um protocolo de colaboração com várias instituições públicas e privadas ligadas ao turismo, entre elas a AAVT e a TICV, com várias medidas para promover o turismo interno.
O documento visa a promoção de atividades que permitam o desenvolvimento de parcerias conjuntas e cooperação multilateral e da parceria institucional para potenciar o fomento do setor do turismo interno, especialmente em tempo de pandemia e de pós-pandemia de covid-19.
Um dos aspetos do protocolo será a redução dos custos de tarifas de transportes de 40% em relação à tarifa base de referência, para venda exclusivamente em pacotes turísticos interilhas.
Na altura, o presidente da AAVT considerou a assinatura do protocolo como um “momento marcante” que poderá representar um “ponto de viragem” para as empresas do setor e uma “luz ao fundo do túnel” para “salvação dos negócios” de várias agências, bastante afetadas pela crise.
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