O orçamento do carnaval da CMP ascende aos 18 mil e 400 contos. Desse montante, os grupos ficam com 400 contos cada e todo o resto vai para as bancadas, com 13 contos, e as obras de adaptação da Avenida Cidade de Lisboa, com 3 mil contos.
Os grupos de Carnaval da Cidade da Praia manifestaram hoje uma “profunda indignação” com o presidente da câmara que tinha prometido, segundo alegam, criar condições de trabalho aos carnavalescos e aumentar o apoio para o desfile deste ano.
A menos de um mês para o Carnaval, a Inforpress falou com os responsáveis dos grupos do bloco principal, nomeadamente Estrela da Marinha, Inter Vila, Vindos d´África, Vindos do Mar, Sambajo e Bloco Afro Abel Djassi, onde afirmaram que o autarca da capital tinha garantido que o Carnaval deste ano seria “diferente”, uma vez que iria aumentar a verba mas também criar condições a nível de logísticas para que os grupos pudessem ter um espaço de preparação.
Todos foram unânimes a defender que os 400 contos disponibilizados pela autarquia são insuficientes para fazer um bom Carnaval.
“Não adianta fazer investimentos de 13 mil contos em bancadas e de três mil contos em obras de adaptação da Avenida Cidade de Lisboa, se não houver um forte investimento nos grupos carnavalescos”, advogaram, realçando que essa medida vai criar uma grande expectativa ao público em relação ao desfile do dia 13 de Fevereiro.
José Carlos Fernandes, presidente do Inter Vila, disse que neste momento o seu grupo está numa situação difícil, uma vez que o presidente da câmara prometeu aumentar a verba, decidiram aumentar o projecto.
“Estamos indignados, porque nos prometeram melhores condições a nível do financiamento e para nós os investimentos feitos nas bancadas e adaptação da Avenida Cidade de Lisboa não eram prioridades, apesar de serem propostas sugeridas pelos grupos”, precisou, adiantando que já receberam 200 mil escudos da primeira tranche, mas não sabem quando é que será disponibilizada a segunda metade do subsídio.
Na ocasião, o responsável do grupo Sambajo, João Teixeira, mostrou-se revoltado com a promessa do autarca praiense que garantiu que este ano a verba seria “muito maior” e que o Carnaval da Cidade da Praia seria melhor e com mais qualidade.
Para este responsável, 400 contos é um valor insuficiente para o seu grupo que este ano tinha um projecto grande e ambicioso no valor de 1500 contos.
Entretanto, reconheceu os investimentos feitos a nível das bancadas e adaptação da Avenida, Cidade de Lisboa, mas mesmo assim criticou o presidente da autarquia que prometeu também criar condições e a nível de espaço para que os grupos possam trabalhar.
“Quero manifestar a minha profunda indignação com o que está a acontecer com os grupos do carnaval da Praia. Depois de tantas promessas para aumentar a verba, dar aos grupos melhores condições de trabalho, hoje deparamos com essa situação, ou seja, até agora recebemos apenas 200 mil escudos , sendo que faltam menos de um mês para o desfile da festa do Rei Momo”, desabafou o responsável da Estrela Marinha, António Dias.
Para o presidente do grupo Estrela Marinha, António Dias, a agremiação está a fazer o trabalho de pequenos portes, fora do estaleiro, uma vez que ainda não estão criadas as condições prometidas pela câmara, estando a trabalhar nos arranjos musicais e ensaios com os figurantes, adiantamento a inscrição, confecção de trajes.
Para António Dias, depois de tantas promessas e expectativas, os grupos acabaram por receberem um balde de “água fria” que em nada irá ajudar para ter o tão falado Carnaval de qualidade.
O responsável dos Vindos d´África, José Gomes, partilha da mesma opinião de que a verba disponibilizada pela autarquia é muito pouco para fazer o “tão almejado e desejado” Carnaval, mas mesmo assim prometeu que vão continuar a lutar e a trabalhar para que a cidade capital tenha um Carnaval de qualidade.
“Estamos decepcionado, s porque o presidente prometeu criar e melhorar as condições a nível financeiro. Neste momento, não há condições para os grupos trabalharem nos estaleiros, uma vez que não há electricidade”, suscitou o responsável do Vindos do Mar, Sidney da Rosa que se mostrou revoltado com “falta da responsabilidade por parte da câmara”.
Gamal Mascarenhas Monteiro , líder do grupo Bloco Afro Abel Djassi, ausente por alguns anos do bloco principal do Carnaval da Praia, assegurou que a verba é insuficiente e que a autarquia praiense devia fazer um esforço e aumentar o apoio aos grupos.
“Ficamos satisfeitos porque a primeira tranche foi disponibilizada com alguma antecedência, reconhecemos os investimentos feitos pela câmara a nível das bancadas e na Avenida Cidade da Lisboa, e acreditamos que nos próximos anos a situação melhore e a verba aumente”, precisou o presidente, que mostrou o seu desagrado com o Ministério da Cultura, que decidiu apoiar os grupos de Carnaval de São Vicente e de São Nicolau, que, no seu entender, já tem o apoio da autarquia local e das empresas.
Neste momento, os seis grupos do bloco principal do Carnaval da Praia estão a trabalhar na preparação dos carros alegóricos, em confecções de roupas e ensaios.
Relativamente aos temas, Bloco Afro Abel Djassi irá debruçar-se sobre a “História de Cabo Verde no mundo”; Sambajo, “Maravilhas do Universo”; Vindos de Africa “Mãe África”; Estrela Marinha “Roma Antiga”; Inter Vila, “30 anos de Inter Vila” e Vindos do Mar, “Pão e Fonema”.
Para edição deste ano, a Câmara Municipal da Praia investiu 13 mil contos na aquisição de bancadas para os convidados assistirem ao desfile dos grupos carnavalescos e mais três mil contos em obras de adaptação da Avenida Cidade de Lisboa para permitir que os grupos desfilem com mais facilidade.
Com Inforpress
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