A directora do Património Imaterial, Carla Semedo, afirmou que o caminho que está sendo estabelecido com enfoque na oficialização do crioulo, paralelamente ao português, é relevante e muito promissor, reconhecendo que ainda existem muitos desafios a serem ultrapassados.
Carla Semedo fez estas afirmações em entrevista à Inforpress, no âmbito da comemoração do Dia Internacional da Língua Materna que se celebra hoje, 21 de Fevereiro, e que este ano tem como lema “Educação multilingue- um pilar de aprendizagem intergeracional”.
Para celebrar a efeméride, adiantou, o Instituto do Património Cultural (IPC), através da Direção do Património Imaterial, promove hoje um webinar intitulado “O valor patrimonial da língua materna em Cabo Verde e na diáspora”, com intuito de promover um debate sobre importância imaterial da língua materna, a partir da experiência nacional e a partir da experiência da diáspora cabo-verdiana.
“Teremos dois estudiosos da língua cabo-verdiana, o Marciano Moreira e Ana Josefa Cardoso. A ideia é que estejam presentes especialistas da área, no caso, de outras instituições, não só do IPC, das universidades, outras instituições afins, e promover um debate também junto com a escola secundária, no sentido de termos um público bastante diverso para se discutir o valor patrimonial da língua materna”, indicou.
Ao abordar o valor patrimonial da língua materna em Cabo Verde e na diáspora, Carla Semedo salientou que a língua cabo-verdiana é o elemento de comunicação e de transmissão de valores culturais com os quais todos os cabo-verdianos se identificam.
“Quando nós falamos da língua materna cabo-verdiana, seu valor patrimonial, estamos a falar também sobre o papel que ela desempenha na formação, na constituição da identidade cabo-verdiana e também como ela aparece, é acionada, mobilizada nos vários espaços quotidianos”, disse.
Destacou o caminho percorrido desde 2019, com a classificação da língua materna enquanto patrimônio, daí a necessidade de se fazer uma avaliação do material nacional, cultural, e promoção de mais debates para que, exemplificou, a nova geração possa fazer a apropriação do valor da língua materna.
A directora do Património Imaterial sublinhou ainda as acções de promoção e valorização do crioulo através de várias iniciativas, especificando que a língua materna cabo-verdiana tem conquistado espaços nos diferentes meios de comunicação.
“Há uma valorização com uma dinâmica muito relevante, como a língua crioula vai entrando nos vários espaços de comunicação, mídias, espaços de comunicação social, ou então quando se tem presença do uso da língua em espaços sociais, como debates do parlamento, ou mesmo quando se tem produções ou dinâmicas artísticas de várias áreas, que percebem o uso da língua materna enquanto esse vetor, e isso não só nas gerações mais novas, mas em toda faixa etária”, asseverou.
Apontou, por outro lado, que as bases que estão sendo lançadas para que a língua materna cabo-verdiana esteja num patamar paralelo ao português é importante e que o caminho a percorrer é muito promissor, isto levando em conta as suas particularidades e variação linguística.
“Os linguistas têm nos mostrado que é um caminho a percorrer. Então, é um caminho que está sendo paulatinamente estabelecido, o que nos mostra também que há muito mais a ser feito para chegar lá. Mas o caminho está muito relevante, é um caminho muito rico, tendo em conta todas essas apropriações, que mostram como a língua está aparecendo, ela está muito usada, muito valorizada em vários espaços”, realçou.
O Dia Internacional da Língua Materna é celebrado anualmente em 21 de Fevereiro em todo o planeta.
Criada pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, em 17 de Novembro de 1999, o Dia Internacional da Língua Materna tem o objetivo de promover a diversidade linguística e cultura entre as diferentes nações.
Além disso, esta data também convida a todos os países membros da UNESCO e suas matrizes a refletirem sobre a preservação das particularidades linguísticas e culturais de cada sociedade.
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