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Respeitem os Professores, pois é nas Escolas que se joga o futuro deste País!
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Respeitem os Professores, pois é nas Escolas que se joga o futuro deste País!

O problema com os professores cabo-verdianos é que nós estamos sobrecarregados e mal pagos! Ambas as razões fazem com que muitos Professores andam a pensar constantemente na mudança de profissão, ou na emigração. Esta realidade desencoraja muitos jovens de sonhar em se tornar Professor ou Professora. A menos que o País e os decisores políticos encontrem maneiras de melhorar as condições de trabalho dos Professores, em breve. Portugal já recruta reformados! Será esse o nosso caminho?

Ensinar e ser pais têm uma coisa em comum: ambos são muito mais complicados, hoje, do que costumavam ser.

Neste mundo, que se diz moderno, digital e da geração z, a tarefa de educar tornou-se muito complicada e, por vezes, muito estressante. A tudo isso, se junta a falta de respeito que muitos Professores experimentam no seu trabalho. É verdade que os Professores se sentem pressões crescentes do sistema educativo (da sua administração) e, com frequência, essa pressão vem dos pais dos alunos. Além disso, há cada vez mais crianças que precisam de apoio especial e amor na escola.

O problema com os professores cabo-verdianos é que nós estamos sobrecarregados e mal pagos! Ambas as razões fazem com que muitos Professores andam a pensar constantemente na mudança de profissão, ou na emigração. Esta realidade desencoraja muitos jovens de sonhar em se tornar Professor ou Professora. A menos que o País e os decisores políticos encontrem maneiras de melhorar as condições de trabalho dos Professores, em breve. Portugal já recruta reformados! Será esse o nosso caminho?

Outros desafios atuais, enfrentados pelo sistema educacional cabo-verdiano, são ainda mais difíceis de corrigir. A olho nu, é percetível que, nesses últimos anos, a educação escolar cabo-verdiana se encontra num plano inclinado e escorregadio, em termos de qualidade e equidade nos resultados educacionais. Muitos jovens estão a concluir o 12º ano, mas com graves problemas básicos relativos à literacia e numeracia. É claro que não estamos sozinhos nesta jornada educacional descendente. Um estudo recente da UNESCO diz que cerca de metade dos alunos que concluem o 12º ano, por todo mundo, tem esse problema.

Seguramente, a superação desse problema passa pela mobilização de um conjunto de fatores, mas está claro que o mais importante é o Professor qualificado, num contexto de melhor salário, maior motivação profissional, melhor estatuto social e, sobretudo, o estabelecimento de um quadro institucional de maior confiança, por parte das autoridades (Ministério da Educação), no conhecimento e nas habilidades dos Professores para, autonomamente, planificar, ensinar e avaliar os seus alunos.

Esta última parte é de extrema importância. É o que está a acontecer, por exemplo, em França, desde 2021, quando o Presidente, Emanuel Macron, elegeu a Educação como bandeira do seu 2º mandado. Em setembro daquele ano, ele chamou todos os Reitores e Diretores das Escolas para uma grande reunião em Paris e foi perentório, em dizer o seguinte: o Estado já fez muitas Reformas, gastando muito dinheiro, mas o facto é que a qualidade da Educação piora ano após ano. Para reverter a situação, as Escolas, individualmente, devem assumir Reformar a Educação que desenvolvem. Para o efeito, o Presidente Macron criou um fundo para financiar os Programas de Reformas apresentados por cada Escola, começando por Marselha, uma das regiões com maiores problemas educacionais e sociais da França.

É fundamental que Cabo Verde aposte na valorização dos seus Professores, como uma Voz Profissional na Sociedade, para informar o público e educar a comunidade sobre os propósitos e objetivos comuns da escolaridade e a boa educação escolar.

Do meu ponto de vista, considerando os casos de sucesso educacional, por este mundo fora, alguns aspetos devem ser considerados nesse processo de valorização socioprofissional dos Professores e são os seguintes:

§ Primeiro - Todos os Professores devem ter um mestrado relevante (com qualidade) para a escola onde lecionam. Isso por si só, pode elevar o respeito pelos Professores, da mesma forma que os médicos, com nível semelhante (especialista), são respeitados. Mas há um aspeto central, a compreender, na Educação e que muitos desconhecem ou ignoram. Contrariamente a o que muitos pensam, o exercício de educar (do pré-escolar ao superior) não é tarefa fácil, assim como não é, o exercício médico! E não é por acaso que, em alguns países, essas duas profissões estão a ser equiparadas, mesmo em termos de modelos de formação, sendo que, em Finlândia e Singapura, o prestígio social dos Professores é superior ao dos Médicos.

§ Segundo - Os Professores devem ter mais autonomia, mais responsabilidades e serem mais responsabilizados, profissionalmente, nas suas escolas, o que faz aumentar a confiança neles, como profissionais. A confiança é uma condição essencial para respeitar e valorizar os Professores.

§ Terceiro - Os Professores devem passar a gastar menos tempo no ensino em sala de aula e gastar mais tempo na colaboração e planificação do processo ensino-aprendizagem, durante os dias letivos. O tempo para os Professores trabalharem juntos (trabalho colaborativo vs. aprendizagem colaborativa), durante os dias letivos, é um ingrediente que pesa significativamente na melhoria da qualidade da educação escolar e é uma das questões críticas do nosso sistema educativo.

Enfim, mais do que tudo isso, todos os Professores cabo-verdianos precisam de muito apoio e respeito, tanto da parte do Governo, em nome do Estado, como das famílias e respetivos educandos.

 

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