Princezito, Le chasseur de poèmes
Colunista

Princezito, Le chasseur de poèmes

... Esta expressão profundamente figurativa, já criou asas, desenvolveu uma consistente plumagem e já viaja pelos céus e terras do mundo pelo tema Pilonkan, escrito, musicalizado e interpretado por Princezito, de quem vos sugiro falarmos agora:

De fino trato, mensageiro de uma sensibilidade aflorada, autodidata, investigador Cultural de uma sabedoria soberba, Princezito, emerge de uma comunidade com fortes diversidades sociais, culturais e antropológicas; Tendo nascido no bairro mais "cosmopolita" de Tarrafal, Monte Iria, situado na confrontação do Campo e da urbe de Mangui no Tarrafal de Santiago, coube-lhe o duplo papel de "separar e congregar" toda a população nativa que não possuíra o estatuto de cidadão urbano, não podendo, portanto, se fixar e nem mesmo frequentar o centro da vila. Tanto é que o Código de Postura Municipal de Tarrafal, ainda em vigor, proíbe mesmo a circulação de pessoas pela Praça quando carreguem sacos e balaios.

Aqui no meio destas duas realidades é que nasce bem no início da década de setenta, aquele que viria a ser o construtor de uma filosofia baseada na simplicidade, coletando material espiritual e exteriorizando uma luz calma e penetrante, consciente e Alegre ... tendo o "humor inteligente" como uma das ferramentas de toque.

Filho de oficial administrativo e de uma nobre senhora herdeira de valores e propriedades com valor patrimonial elevado na actual cidade de Tarrafal, Princezito e seus irmãos, ostentam como riqueza a boa educação, a generosidade e a amizade - como segredo de sucesso - não ignorando as ameaças sempre presentes, gerindo-as com reflexão e oração.

A principal referência, como o próprio faz questão de admitir, está na pessoa de "Titia Bibinha Cabral": A vizinha que dava gosto ver passar e cumprimentar, não apenas pelo aroma do carma que transportava, mas também pela facilidade na comunicação e o poder de transmitir alegria e positivar com arte de poetisa tudo o que se lhe aproximasse.

Aqui bebeu e se inspirou o nosso "caçador de poemas" ...

Hoje já homem de meia idade, carrega a responsabilidade que construiu, mas também que herdou do Rei-Deus; é que mesmo antes de querer ser músico, o então pequeno-Príncipe, já carregava o estatuto de irmão do Mário Lúcio.

Um disco de sucesso, -o Spiga-, um livro de poemas, recheado de saberes da nossa expressão, o finason, na qual se especializou - Antigo Pensamento-, um percurso contagiante pelas redes de comunicação com destaques para os programas "Radio Festa" e "Ambienta", somado a passagens discretas pelos palcos; de Praia a Macau, de Tarrafal a Boston, do B-leza a Paris, de Mindelo a Amsterdam, de Santa Maria a Berlin, de Santa Catarina a Havana, viajando pela silhueta da mulher, pelas constelações celestes sempre acompanhado de sua guitarra acústica, mochila, uma harmónica e a inseparável lua. Com várias participações em dezenas de discos, é mentor do projecto Mano a Mano que merece a experiência do Irmão Mário.

O título do próximo disco não revela, apenas confirma ter já um corpo, no entanto para compensar, generosamente, acaba de nos presentear com uma nova literatura de "LUX" - Manual di Mudjer, feito em versos, de fácil porte e de uma comunicação ao estilo bem divertido e profundo, diria, até mesmo ousado, característico do autor, pelo que, aconselha-se a leitura.

Assim tivemos o prazer de revisitar uma das estrelas da nossa constelação cultural, da qual Tarrafal e Cabo Verde se orgulham e sempre que brilha nossas cabeças ilumina. Princezito!

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