Comunidade dos Países da Língua Oficial Portuguesa, primeiras eleições pós Covid -19 anos 2021 - 2022
Colunista

Comunidade dos Países da Língua Oficial Portuguesa, primeiras eleições pós Covid -19 anos 2021 - 2022

Analisando de perto, o cadastro perfil da CPLP (Comunidade dos Países da Língua Oficial Portuguesa), não há duvida alguma que entre seus membros o, sub aproveitamento, em termos de trocas socioeconómicas, é evidente e este facto descaracteriza a importância, que deveria ter a Comunidade, no concerto das nações portanto um “grupo linguístico”, praticando e detentor de provavelmente da quinta língua mais falada do mundo reunindo vários povos e cultura espalhados em vários continentes... A realidade lusófona é que mesmo havendo um factor linguístico comum e uma evolução política muitas vezes quase semelhante, pouco se fala das relações intralusófonas e a maioria das actividades realizadas pelo grupo, salvo os Jogos da Lusofonia, são feitas, sempre de uma forma bastante discreta ou idealizada...

O ano inesquecível de 2020 ou o ano da pandemia universal COVID -19 evidenciou com força praticamente em todos os paises emergentes e desenvolvidos crise, incertezas e nova realidade que atingiram de maneira mais grave e evidente a países de parcos recursos e por isso mesmo dependentes, caso desta nossa pequena nação ilhas, Cabo Verde, hoje, uma democracia parlamentar, o arquipélago luta, há 47 anos para alcançar o paradigma da Justiça Social, únicamente acessivel, estamos em "crer" se assentado na liberdade e igualdade, sim, estas 9 ilhas habitadas enfrentam, no seu dia-a- dia, reivindicações, fundamentalmente, dos trabalhadores, dos excluídos, daqueles com menos instrução e dos mais pobres... Mas é facto, que, hoje, neste processo de retoma pós Covid -19, a situação social agravou-se perigosamente, para todos os países devido á recente guerra na Ucrania que abalou o mundo inteiro, mas de maneira, muito mais incidente, como que  programado, injustificadamente, abala mais, a nossa sub-região africana, com o fantasma da fome, como se não nos bastasse nestas nove ilhas habitadas, as batalhas; do desemprego, dos excluídos, da pobreza, o desregulamento climático...

Nos regimes democráticos de bem-estar e de desenvolvimento, desencadearam-se conflitos, sobretudo por recursos, e a discussão polarizou-se no terreno econômico com apelo a normas universalistas, com manutenção e à margem da discussão, pelo conjunto de questões relacionadas ao binômio diferenças – indiferenças; às questões culturais e educativas; e aos desafios relacionados à inovação e à tecnologia...

Todas essas crises, leva-nos á conclusão que o mundo inteiro deve dar chance e reconhecimento à Fraternidade-Solidariedade, conferindo à esta temática, lugar primordial que deve figurar em permanencia, no debate da Justiça Social e do Desenvolvimento.

Esta era e tempo de incertezas coincidiu-se com o calendario das eleições 2021-2022, nos países comunidade de expressão lusófona a CPLP...

Os anos 2021-2022, representam importante marco e ponto nos "processos eleitorais" dos países da CPLP, com  as primeiras eleições pós pandemia em um contexto de quebra de paradigma internacional, com o crescente atrito entre as principais potências, o auge da globalização e seus questionamentos, a geração de uma sociedade global com elevado acesso a informações, porém altamente polarizada e carente do diálogo e da semântica política...

Em Cabo Verde, os resultados das Eleições de 2021, confirmaram e reforçaram a confiança do povo cabo-verdiano no partido político, MPD, que conseguiu manter-se no poder, para mais um mandato de 5 anos... ( chegou ao poder executivo em 2016, frente ao PAICV) ...

Na última eleição presidencial cabo-verdiana, com o fim do segundo mandato de Jorge Carlos Fonseca, o antigo primeiro ministro José Maria Neves (PAICV), ganhou a presidencial, na primeira volta, frente a Carlos Veiga (MPD).

O ano de 2022, começou com as eleições parlamentares de Portugal onde a esquerda conseguiu manter-se no poder embora crescente pressão de sectores conservadores e de extrema direita que sem dúvidas refletem um incremento das tensões sociais, que podem eclodir no país lusitano nos próximos anos...

Recentemente, no Março deste mesmo ano de 2022, o Timor Leste, uma das democracias mais jovens do planeta, teve seu primeiro turno para uma disputada eleição presidencial a qual somente seria definida no segundo turno realizado em Abril onde o antigo prêmio Nobel da Paz, José Ramos Horta se consolidou como líder...

Quase no fim de Agosto de 2022, foi a vez da Angola, ir ás eleições e os resultados destacou, a polarização social que ficou claramente visível com desigualdade entre as diferentes camadas sociais, caso para ser resolvido, mas que  intensifica as diferentes dimensões que compõe a realidade deste  país amigo onde a liderança do MPLA permanece imutável desde sua independência de Portugal (faz 47 anos) mas, o partido perdeu a maioria de ter 2/3 de parlamentares. A UNITA, cresceu e criou condições legais para participar nas tomadas de decisões substanciais, o MPLA tem de "compor" com a UNITA, que também, conquistou a Luanda, a cidade capital da Angola...

Decididamente o ano de 2022 é o ano das eleições no espaço de países de lingua oficial portuguesa: São Tomé e Príncipe, irá às urnas em Setembro do corrente ano, com o bjectivo de formar um novo parlamento, diante das tensões registradas no país derivadas do próprio sistema cadastral e do incremento da insatisfação social vigente ...

A Guiné Equatorial e a Guiné Bissau concluem suas listas, com eleições para  seus Parlamentos. Mas a situação de Guiné Bissau é sem dúvidas a que teve mais  repercussão internacional, pela constante e crescente crise interna a instabilidade política e democrática do país. No caso da Guiné Equatorial, este país integrou missões de observação eleitoral em Timor Leste e confirma, sua aproximação á CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa). Quanto ao Brasil, já internamente o país continua sendo uma grande incógnita, apesar da posição favorável nas sondagens de opiniões do Lula, frente ao conservador Bolsonaro talvez a falta de transparência geral neste grande país da América do Sul, seja  um sintoma de uma necessidade de mudança, quem sabe !!.

O Brasil, é o país da CPLP com o maior PIB (Produto Interno Bruto), representa sózinho e isoladamente 80% do PIB da comunidade .. Brasil, segue na lista da escolha política neste ano de 2022, que, segundo informações veículadas nos diários brasileiros, 2022, será o ano das eleições mais disputadas da história do Brasil...

E Brasil, rouba, por assim dizer, protagonismo aos demais outros países lusófonos, graças ao confronto, enfrentamento do ex-presidente Lula com o actual presidente Jair Bolsonaro, ambos são representantes de dois espectros completamente opostos da política e da sociedade brasileira. Bolsonaro, líder conservador, negacionista do Covid -19 e neoliberalista, que acumulou, uma série de resultados negativos e o empobrecimento da população devido á sua política de "reajustes orçamentais", desvalorização da moeda e mais crises políticas internas do seu partido. Lula por outro lado, volta ao cenário após seu julgamento por corrupção e prevaricação serem cancelados pelo Supremo Tribunal Federal... Os principais jornais brasileiros, avançam que Lula é considerado pelas instituições financeiras o presidente com melhores resultados econômicos da história do Brasil... A sociedade brasileira embora dividida terá a obrigação de fazer a sua escolha, diante, dos discursos, completamente opostos dos dois concorrentes ao cargo de presidente...

Para nós simples cidadãos cabo-verdianos, o peso simbólico e cultural da lusofonia é controverso e não suscita paixões, ao povo, das ilhas, que utiliza e fala, no quotidiano das suas vidas, a nossa Língua Materna (que foi elevada no ano de 2019 a Património Nacional) e a constituição da nação cabo-verdiana, antecedeu a emancipação politica formalizada a 5 de Julho de 1975. Uma vantagem de Cabo Verde, em relação á maioria das nações irmãs africanas, que se desembaraçaram do colonialismo desde os primeiros anos da década dos anos 60 do século passado. Várias nações irmãs africanas do grupo “PALOP”, praticam correntemente o “português” como língua veicular entre as suas populações, que falam diferentes "línguas locais” …

Analisando de perto, o cadastro perfil da CPLP (Comunidade dos Países da Língua Oficial Portuguesa), não há duvida alguma que entre seus membros o, sub aproveitamento, em termos de trocas socioeconómicas, é evidente e este facto descaracteriza a importância, que deveria ter a Comunidade, no concerto das nações portanto um “grupo linguístico”, praticando e detentor de provavelmente da quinta língua mais falada do mundo reunindo vários povos e cultura espalhados em vários continentes...

A realidade lusófona é que mesmo havendo um factor linguístico comum e uma evolução política muitas vezes quase semelhante, pouco se fala das relações intralusófonas e a maioria das actividades realizadas pelo grupo, salvo os Jogos da Lusofonia, são feitas, sempre de uma forma bastante discreta ou idealizada...

 

José Valdemiro Lopes,                                                                                                (eng.Informatico e estudos em Sociologia)

miljvdav@gmail.com

Partilhe esta notícia

Comentários

  • Este artigo ainda não tem comentário. Seja o primeiro a comentar!

Comentar

Caracteres restantes: 500

O privilégio de realizar comentários neste espaço está limitado a leitores registados e a assinantes do Santiago Magazine.
Santiago Magazine reserva-se ao direito de apagar os comentários que não cumpram as regras de moderação.