Os 38 sobreviventes resgatados da piroga a 150 milhas da ilha do Sal, há uma semana, já estão a caminho de casa, tendo o repatriamento acontecido hoje, a bordo de um avião militar senegalês, via Cidade da Praia.
O embarque dos migrantes clandestinos, na sua maioria senegaleses, abrigados desde o dia 15 na escola Ramiro Figueira, na zona 8/24, nos Espargos, teve lugar no início desta tarde, inclusive os sete que se encontravam hospitalizados, regressaram também a bordo deste aparelho militar deslocado propositadamente para o repatriamento dos mesmos.
Em declarações à Inforpress, o delegado da Saúde local, José Rui Moreira, garantiu que os indivíduos estavam “bem, restabelecidos, aptos a viajar”.
Entretanto, os corpos de outras sete pessoas que evoluíram para óbito, permanecendo até agora em câmara fria, a aguardar o processo de transladação para o seu país, tal não aconteceu, tendo sido enterrados hoje, segundo o médico José Rui “com dignidade, cada um no seu caixão”, no cemitério de Pedra de Lume.
Um outro do mesmo grupo de migrantes clandestinos, que se encontra com problemas renais, e evacuado para o Hospital Agostinho Neto para intervenção a nível da hemodiálise, ficou internado naquele estabelecimento de saúde, devendo ser repatriado posteriormente.
O representante da comunidade Senegalesa, Medoune Naiaye, que durante estes dias tem servido de intermediário para se saber os detalhes desta tragédia, considerou “missão cumprida”, assegurando que o processo de repatriamento decorreu “muito bem”.
Medoune Naiaye agradeceu todo o empenho dos profissionais de diferentes sectores, e o apoio humanitário concedido aos migrantes, que agora regressam à casa.
Esses migrantes clandestinos que aventuravam numa piroga, proveniente da costa norte do Senegal, foram resgatados no mar por um navio pesqueiro de nome Zillarri, de pavilhão espanhola, a uma distância de cerca de 150 milhas a nordeste da ilha do Sal, tendo ancorado no Porto da Palmeira no passado dia 15.
A ocorrência de embarcações chegando à costa tem-se tornado cada vez mais frequente em Cabo Verde.
O caso mais recente ocorreu em Janeiro deste ano, quando uma piroga aportou na ilha da Boa Vista com 90 migrantes africanos a bordo, incluindo dois indivíduos já falecidos.
Piroga, ou também chamada canoa, é um tipo de embarcação característica da África, da Oceania e da América indígena.
Este tipo de embarcação, comprida e estreita, feita de um só tronco de árvore cavado, era muito utilizado também por nativos polinésios.
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