Retrospetiva/Saúde: Morte de um jovem da Brava traz à tona dificuldades da cobertura do sistema de saúde nas ilhas
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Retrospetiva/Saúde: Morte de um jovem da Brava traz à tona dificuldades da cobertura do sistema de saúde nas ilhas

A morte de um jovem transferido da ilha Brava para o Fogo evidenciou em 2022 as condições precárias da evacuação médica no arquipélago, provocando revolta na sociedade que exigiu do Governo medidas no sector da saúde e de transportes.

Neste processo, várias vozes fizeram-se ouvir, inclusive a do Presidente da República que pediu um “inquérito rigoroso” sobre as circunstâncias da morte, e dos emigrantes que lançaram uma campanha para a compra de um barco-ambulância equipado com material médico de emergência para ser oferecido aos serviços de Protecção Civil da Brava.

Apesar de alguns dissabores, o ano trouxe também satisfações com o relatório da OMS que aponta o índice de cobertura a nível de saúde à volta de 69% e com a melhoria dos dados a nível de prevalências de Parasitoses Intestinais e Distúrbios devido a Carência em Iodo em 2021.

O País, que continuou a enfrentar a covid-19 em 2022, prosseguiu a melhoria na vacinação da população atingindo 98,6% da população adulta elegível vacinada com a primeira dose, 86,4% com a segunda dose, 38,5% com dose de reforço, sendo que nos adolescentes a taxa é de 74,8% complemente vacinados.

A vacinação de crianças com idade entre 5 e 11 anos, que se iniciou em Outubro, conseguiu atingir uma taxa de 34,6% dos 70% propostos em cerca de 63 mil crianças a serem imunizadas.

Ainda no âmbito da covid-19, o Ministério da Saúde anunciou e alertou a população, em Outubro, para a descoberta de três novos casos de covid-19 da variante Ómicron e da linhagem BQ.1.1.

Quanto aos médicos, o rácio por cada dez mil habitantes revelou ser de 7,7%, um número considerado baixo pela OMS, mas que os responsáveis pelo sector se comprometeram a normalizar investindo na formação para responder à demanda da população.

No que respeita às doenças cardiovasculares, consideradas a principal causa de morte no arquipélago, o Serviço de Cardiologia do Hospital Universitário Agostinho Neto, após fazer história com o implante da primeira ‘pacemaker’, em Novembro de 2016, contabilizou em 2022 mais de vinte implantes.

Em 2022 o Ministério da Saúde anunciou a resolução dos problemas que permite o avanço para o transplante renal, alegando faltar apenas a aprovação da proposta de lei e o accionar do apoio técnico de Portugal.

No ano em que a Segurança Sanitária esteve no auge, no País vários temas foram abordados pelo INSP (Instituto Nacional de Saúde Pública), inclusive a abordagem “Uma Só Saúde” que tem exigido acções a nível do ambiente, na luta contra a desertificação, no plano de adaptação da saúde pública às mudanças climáticas, no plano estratégico nacional de água e saneamento, assim como no plano de prevenção de resíduos e gestão dos resíduos hospitalares.

A Ordem dos Farmacêuticos de Cabo Verde (OFCV), no âmbito das eleições dos órgãos sociais, garantiu que as próximas lutas da classe vão estar voltadas para a criação da carreira farmacêutica e a ocupação dos lugares no sector público destinados aos farmacêuticos.

No âmbito do Dia Mundial da Paludismo, Cabo Verde lançou a campanha “Zero paludismo Começa Comigo” e regozijou-se em alcançar o “certificado livre de paludismo” visto que há quatro anos não se contabilizou casos autóctones, registando apenas casos importados.

Por outro lado, o consumo de álcool foi apontado pelo secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde como um “problema” já que os dados existentes indicam que mais da metade da população consome álcool, sendo que destes 8 por cento (%) faz uso diariamente e 2% são mulheres.

Em 2022 foi inaugurado um segundo Banco de Leite Materno com apoio do Brasil, desta feita no hospital Dr. Baptista de Sousa (Mindelo).

Num ano em que a saúde mental esteve em foco devido à pandemia de covid-19, a cidade da Praia defrontou-se com o aumento de pessoas a viver de e na rua com problemas de saúde mental, tendo o DNS admitido que o impacto da pandemia na saúde mental dos cabo-verdianos “foi grande”.

Ainda neste campo da saúde, especialistas em psicologia reuniram-se na Praia no primeiro congresso internacional de Saúde Mental e exigiram o aprofundamento do compromisso com a saúde mental no País.

Cabo Verde acolheu no mês de Março a reunião dos peritos de VIH/Sida da Região da África Ocidental e Central, e destacou em Dezembro que 36 anos após o diagnóstico do primeiro caso de VIH/Sida, as ilhas contabilizam um total de 5.500 pessoas a viver com síndrome da imunodeficiência adquirida.

Neste processo a CCS/Sida admitiu que será cumprido os ODS (Objectivos de Desenvolvimento Sustentável) visando alcançar a eliminação da Sida na população em geral em 2030 e a eliminação de transmissão vertical em 2024.

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