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Militares que maltrataram colegas no quartel podem ser expulsos das Forças Armadas
Sociedade

Militares que maltrataram colegas no quartel podem ser expulsos das Forças Armadas

Os militares cabo-verdianos que maltrataram colegas, obrigando-os a simular atos sexuais, poderão ser expulsos, disse hoje o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (CEMFA) de Cabo Verde, major-general Anildo Morais.

Em declarações aos jornalistas na cidade da Praia, o chefe da tropa cabo-verdiana deu conta que entre as possíveis punições para tais atos está a máxima, que é a prisão disciplinar agravada, ou mesmo a expulsão da instituição castrense cabo-verdiana.

Tal como já tinha sido adiantado na terça-feira pelo gabinete do CEMFA em comunicado, Anildo Morais afirmou que já foi aberto um processo disciplinar e um processo-crime contra os militares que obrigaram os colegas a simular tais atos.

"Posso afiançar mesmo que serão severamente punidos para que sirva de exemplo, para que ninguém, mais nenhum militar possa cometer atos do tipo", garantiu o responsável máximo das Forças Armadas cabo-verdianas.

Segundo Anildo Morais, os vídeos divulgados na terça-feira nas redes sociais são "bastante chocantes", mas afirmou que não identificam toda a instituição militar cabo-verdiana.

"Infelizmente aconteceu, mas foram atos praticados entre soldados, mas só que neste caso em particular ultrapassaram os limites aceitáveis e nós estamos extremamente chocados e indignados com esses atos irresponsáveis e de imediato tomámos medidas para averiguar esse tipo de comportamento", disse.

O major-general garantiu que não vai pedir a sua demissão do cargo, salientando que foi um ato isolado entre soldados no seu momento de lazer.

"É claro que estamos indignados, revoltados, e vamos tomar medidas, mas não sinto que me belisca como chefe de Estado-Maior das Forças Armadas", respondeu, dizendo que então toda a linha de comando teria de demitir-se.

"Estamos totalmente à-vontade. Então teríamos que pedir a demissão desde o comandante da Companhia, que é o responsável próximo dos soldados, temos ainda o adjunto do comandante, o comandante da região, o comandante da Guarda Nacional e Chefe de Estado Maior. Seria todos em cadeia a pedir a demissão e na tropa isso não funciona dessa forma", completou.

Numa mensagem divulgada hoje, o Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, que é comandante supremo das Forças Armadas do arquipélago, disse que está a acompanhar a situação envolvendo "factos de muita gravidade" em instalações militares do país.

O gabinete do CEMFA explicou que tomou conhecimento de um "vídeo hediondo", onde soldados abusam de "forma vergonhosa" de colegas mais novos, ordenando-lhes para fazerem atos contra a sua vontade.

"De imediato foi ordenada a averiguação sobre tais situações, para se determinar a data dos factos, os seus autores, o local e os factos indiciadores de responsabilidades disciplinares, criminais, e demais responsabilidades inerentes", garantiu.

As Forças Armadas ressaltaram que os factos não ocorreram a mando de qualquer superior hierárquico, ou no âmbito de instrução, mas sublinham que "violam todos os princípios que enformam a instituição militar.

No vídeo posto a circular nas redes sociais, e que está a causar muita indignação em Cabo Verde, vê-se três soldados, devidamente fardados, a serem obrigados a fingir praticar atos sexuais contra uma parede, ao mesmo tempo que os mandantes gravam e riem-se da situação.

Pelas imagens pode-se depreender que os vídeos foram gravados recentemente, porque dois dos soldados usam uma máscara de proteção contra a covid-19.

No mesmo comunicado, a instituição castrense cabo-verdiana recordou que este é o segundo vídeo do tipo de que toma conhecimento, depois de um outro, em 03 de março passado, "onde alguns militares agarravam um seu colega, infligindo-lhe maus-tratos de forma cruel, desumana e vergonhosa, colocando em causa todos os princípios castrenses e violando todos os regulamentos militares".

Nesse caso, os prevaricadores foram identificados, foi aberto uma instrução criminal, investigado por um promotor de Justiça junto do Tribunal Militar de Instância, que concluiu o processo em 09 de abril.

A mesma fonte referiu ainda que alguns dos participantes do vídeo se encontravam já em situação de disponibilidade, tendo sido chamados a prestar depoimento e a responder pelos atos cometidos.

Também foi ordenada uma campanha de esclarecimentos a todos os militares no intuito de prevenir futuras situações do tipo.

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