Uma avaliação de risco feita pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) detetou 258 casos de shigelose, uma forma de disenteria, em turistas de 12 países que estiveram no Sal, Cabo Verde, desde novembro de 2021. Este caso já fora reportado por Santiago Magazine sem reacção das autoridades nacionais da saúde.
De acordo com o relatório, de fevereiro e consultado hoje pela Lusa, o ECDC confirmou 221 casos desta infeção desde 01 de novembro de 2021 e regista 37 casos suspeitos desde 01 de setembro de 2022, com ligação à ilha do Sal, entre 11 países europeus e os Estados Unidos da América.
Também conhecida por disenteria bacteriana, a shigelose é uma forma de intoxicação alimentar com diarreia sanguinolenta, provocada pela bactéria shigella.
No documento, o EDCD “incentiva” as autoridades de saúde dos países europeus a “aumentar” a conscientização dos profissionais de saúde para a “possibilidade de crescimento de infeções por shigelose em pessoas com viagens recentes a Cabo Verde”.
“Além disso, entrevistas destes casos são recomendados para restringir as áreas/locais de alto risco em Cabo Verde”, lê-se ainda no relatório, em que a ECDC refere estar em contacto regular com as autoridades de Cabo Verde “para fortalecer as investigações de possíveis fontes”, enquanto “chave para controlar o surto”.
O Reino Unido lidera entre casos suspeitos e confirmados (95), segundo o mesmo relatório do ECDC, seguido pelos Países Baixos (47), Suécia (42), França (31) e Bélgica (14). Entre outros países, Portugal regista dois casos de shigelose confirmados desde 2021 e os Estados Unidos da América quatro.
O relatório refere que ainda não foram confirmadas formas possíveis de transmissão da infeção neste caso e que são possíveis “múltiplas formas”, sendo “o mais provável a transmissão alimentar”, incluindo a manipulação de alimentos infetados”, embora a “transmissão de pessoa para pessoa” também seja uma possibilidade.
“Com base na informação disponível, muitos casos são relatados como tendo permanecido na região de Santa Maria, na ilha do Sal, inclusive em hotéis ‘com tudo incluído’. Os casos mais recentes foram relatados na Suécia em 19 de janeiro de 2023, sugerindo um risco moderado contínuo de novas infeções entre os viajantes em Cabo Verde, principalmente entre os que ficam na região de Santa Maria”, lê-se no relatório.
O Governo britânico alertou hoje os cidadãos nacionais para o “aumento” nos últimos meses de casos de shigelose, em turistas que regressaram da ilha do Sal, a mais turística do arquipélago.
Num alerta emitido pelo Gabinete de Estrangeiros e da Commonwealth (FCO), dirigido aos viajantes britânicos, é referido que “desde agosto de 2022 há um aumento de casos” de shigelose “entre os cidadãos que regressam de Cabo Verde”.
Acrescenta que outros relatórios, de fevereiro deste ano, “sugerem que a maioria dos casos relatados ocorreu na região de Santa Maria, na ilha do Sal”, aconselhando por isso os cidadãos britânicos a seguir os conselhos de saúde emitidos pelas autoridades de saúde.
Neste aviso aos viajantes britânicos atualizando a situação sanitária de Cabo Verde, o FCO pede igualmente para se “certificarem” que estão a cumprir com “precauções no padrão de alimentação, água e higiene pessoal”, como lavar as mãos e usar apenas água engarrafada para beber ou escovar os dentes.
Em Novembro do ano passado, Santiago Magazine noticiou que uma bactéria encontrada em alimentos e que está a infectar cidadãos de diversas nacionalidades europeias tem um dado em comum: os pacientes estiveram na mesma cadeia de hotéis em Cabo Verde.
A revista norte-americana especializada em alimentação, Food Safety News, noticia hoje, 15, que o Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC, sigla em inglês) ainda não sabe ao certo qual a fonte de infecção da Shigella, mas admite poder aumentar o número de contágios com as férias de inverno em Cabo Verde.
Isto porque turistas de diversos países europeus que contraíram a doença - Países Baixos, Portugal, Dinamarca, Reino Unido, Alemanha e França – estiveram todos de férias em Cabo Verde e no mesmo grupo hoteleiro RIU, afirma a Agência de Reivindicação de Férias (Holiday Claims Bureau), do Reino Unido, admitindo que a fonte de infecção poderá ser comida contaminada ou água mal conservada.
Os pacientes falaram em diversos sintomas como diarreia, vómito ou dor de barriga. “Quando formos alertados que turistas foram afectados pelos mesmos sintomas, sobretudo se não pertencem ao mesmo grupo de viajantes, pressentmos que é necessária uma investigação para conter a sua propagação em larga escala e prevenir problemas futuros”, disse Anne Thompson.
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