Jovem que acusou Cabo Verde de lhe recusar nacionalidade para estudar em Portugal não se matricula na universidade
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Jovem que acusou Cabo Verde de lhe recusar nacionalidade para estudar em Portugal não se matricula na universidade

A jovem Sayonara Gomes, que no ano passado gerou polémica ao acusar as autoridades cabo-verdianas de lhe negarem nacionalidade para prosseguir estudos em Portugal, não chegou a se matricular, revelou à Inforpress o Instituto Politécnico de Portalegre (IPP).

Contactado pela Agência de Notícias de Cabo Verde, os serviços académicos e bolsas do Instituto Politécnico de Portalegre (IPP) frisou que Sayonara Gomes recebeu “todas as comunicações necessárias e orientações” sobre os procedimentos de matrícula e regulamentos académicos.

“A candidata tem em seu poder a diversa comunicação que lhe foi endereçada, e que atendendo à política de privacidade de dados estamos impedidos de divulgar, mas que a candidata poderá apresentar ou autorizar a sua divulgação”, afirmou a instituição numa resposta a um correio electrónico.

Entretanto, o IPP explicou que Sayonara Gomes recebeu um correio electrónico no dia 04 de Novembro de 2022, do serviço de vistos da secção consular da embaixada portuguesa em Cabo Verde, o qual foi simultaneamente remetido ao instituto, convocando-a para se apresentar na secção consular da Praia, pelas 10:00, para tratar do pedido de visto, tendo-lhe sido concedido o visto.

“Ultrapassados todos os prazos previstos e definidos, e após várias insistências para obtenção de resposta da candidata (…) obtivemos finalmente resposta da candidata em 5 de Dezembro de 2022 às 17:55, informando que não realizaria a matrícula evocando razões financeiras”, referiu o IPP.

Na sequência, o Instituto Politécnico de Portalegre alertou a jovem para a aproximação do término do 1º semestre, que teve início em Setembro, e para a impossibilidade de aceitação de matrículas fora dos prazos estipulados e que a não realização das matrículas nos prazos fixados e que sem a realização da matrícula nos prazos definidos a vaga perderia o seu efeito.

“Mantendo interesse em estudar no IPP, teriam de a partir de Janeiro apresentar nova candidatura para o ano letivo seguinte, pelo que poderia ter realizado matrícula desde Setembro de 2022 como calendário e apesar da insistência, a candidata não o fez por sua vontade, logo não ocupou vaga e não é aluna do IPP”, frisou.

O instituto ressaltou que ainda há vagas disponíveis para o curso de Engenharia de Produção de Biocombustíveis, em que a candidata havia sido admitida no ano lectivo anterior, e encorajou a jovem a apresentar um pedido de candidatura fora de prazo, sujeito a autorização superior e cumprindo os requisitos estabelecidos.

Este caso foi notícia em Setembro de 2022 quando o técnico de construção civil Midana Insame manifestou “tristeza” e “preocupação” com as autoridades cabo-verdianas que lhe estariam a negar atribuir a nacionalidade ou o título de residência à sua filha Sayonara Gomes, que precisava destes documentos para prosseguir estudos em Portugal.

“Eu e a minha mulher somos da Guiné-Bissau, mas a nossa filha mais velha nasceu e fez todo o seu percurso em Cabo Verde. Agora, terminando os estudos secundários, candidatou-se à uma vaga para estudar tecnologias de produção de biocombustíveis, em Portalegre, Portugal, mas, para o nosso espanto, ela tem se deparado com muitos obstáculos por ser considerada estrangeira dentro do País onde nasceu”, relatou este pai, em declarações à Inforpress.

Contudo, Midana Insame não explicou porque é que, durante todos esses anos de residência em Cabo Verde e em todo o tempo que a filha viveu e estudou no País, não tinha pedido a autorização de residência nem a nacionalidade para si e para a filha.

Na sequência surgiram várias declarações, inclusive as do Presidente da República, José Maria Neves, que afirmou não fazer sentido que esta jovem fique de fora do sistema de ensino por causa de burocracias.

Dias depois, Sayonara Gomes viu-lhe ser atribuído o título de residência de estrangeiros em Cabo Verde, o primeiro passo que necessitava para tratar dos demais documentos e rumar a Portugal, o que aconteceu em Novembro do ano passado.

A Inforpress tentou falar com a jovem para ouvir a sua versão dos factos, mas esta parou de responder as mensagens na aplicação Whatsapp.

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