"É inconcebível haver ainda directores de órgãos públicos de comunicação a serem indicados por confiança" - Geremias Furtado
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"É inconcebível haver ainda directores de órgãos públicos de comunicação a serem indicados por confiança" - Geremias Furtado

O presidente da Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC), criticou hoje em entrevista à RFI a nomeação de diretores de órgãos públicos de comunicação em Cabo Verde baseada em critérios de confiança pessoal, considerando-a inconcebível passados vários anos de democracia no país.

Instado a reagir acarta aberta do director da Televisão de Cabo Verde, Tony Teixeira, enviada ao líder do PAICV, Rui Semedo, Geremias Furtado, considerou que quem acusa tem que avançar factos.

"Estamos a falar de uma televisão pública, uma televisão do Estado, em que se deve garantir a pluralidade e a igualdade no tratamento das informações e no espaço que é dado aos sujeitos. Quem faz acusações, acreditamos que deverá sustentar as suas acusações por forma a trazer provas de que, de facto, se esteja a actuar de forma indevida", referiu o sindicalista

"Também apelamos para que estas acusações não recaiam sobre os jornalistas porque acreditamos que os nossos jornalistas não se deixam influenciar no exercício da sua função. Se tiver que ser rectificado, há que se rectificar a direcção da Televisão de Cabo Verde", considerou.

Geremias Furtado apontou ainda nesta entrevista à RFI dedo a uma situação que também foi mencionada nas recentes críticas do PAICV sobre o modo de nomeação da direcção da TCV.

"Esta questão leva-nos a uma preocupação antiga que a AJOC tem vindo a contestar e que tem a ver com a transparência na nomeação dos directores dos órgãos públicos, porque acreditamos que é preciso garantir uma gestão imparcial eficaz e que a falta de clareza no processo pode comprometer a integridade jornalística e minar aquilo que é a confiança do público", comentou Geremias Furtado.

Além disso, disse Furtado que é importante ter uma gestão diversificada representando diversas perspectivas, enriquecendo a tomada de decisões. 

"Tudo isto para dizer que é inconcebível, passados todos estes anos da nossa democracia, que tenhamos em órgãos públicos directores a serem indicados por confiança da administração. Fala-se que já houve um concurso público na televisão, mas este concurso não passou disto, até porque quem ganhou o concurso, não lhe deram oportunidade de exercer as funções para as quais ganhou o concurso. Então, acreditamos que é preciso clarificar esta questão da direcção da Televisão de Cabo Verde" referiu ainda o responsável da AJOC.

Há poucos meses, o PAICV colocou em questão a liberdade de acção da TCV. Em Janeiro, Rui Semedo considerou que "a liberdade de imprensa está ameaçada em Cabo Verde", depois de este canal não ter transmitido no dia 31 de Dezembro a mensagem de Ano Novo do Presidente da República. Este caso gerou polémica com o governo dirigido pelo MPD, o Primeiro-Ministro, Ulisses Correia e Silva tendo declarado na altura que "quem faz a imprensa não é o Governo, são os órgãos de comunicação social, os jornalistas. E essas acusações todas caem em cima dos profissionais da comunicação social".

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