O diretor do maior hospital de Cabo Verde, na cidade da Praia, denuncia que “a maioria das pessoas que recusa pagar taxa moderadora tem condições” financeiras para o fazer.
Júlio Andrade, diretor do Hospital Dr. Agostinho Neto (HAN), na capital cabo-verdiana, falava aos jornalistas no final de uma visita à unidade de saúde da presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), na oposição.
Questionado sobre alegadas recusas do hospital em atender doentes que alegam não ter condições financeiras para pagar os tratamentos, o diretor do HAN, médico de profissão, negou perentoriamente a acusação, garantindo que a instituição não recusa tratamento a ninguém.
“A nenhum doente é recusado tratamento. Há assistentes sociais que fazem a avaliação social do paciente e, se não tem condições de pagamento, não paga e é atendido na mesma”, disse.
Só no ano passado, disse, 7.500 utentes não pagaram a taxa moderadora porque a avaliação social confirmou que não tinham recursos.
Contudo, Júlio Andrade sublinhou que “a maioria das pessoas que se recusa a pagar tem condições” para o fazer.
“As pessoas que às vezes têm menos condições pagam a taxa moderadora. E não falamos de valores insuportáveis do ponto de vista financeiro”, disse, referindo que os doentes carenciados têm um valor máximo a pagar, mesmo no caso dos tratamentos ou exames mais caros.
E acrescentou: “Temos pessoas que têm prédios, empreendimentos consideráveis e que vêm aqui e simplesmente dizem que não têm condições de pagar, pessoas que têm NPS [seguro], funcionários”. Temos que fazer a avaliação social e tomar uma decisão.
Ainda assim, o diretor do HAN assegura que ninguém fica sem tratamento e que os valores que não são pagos quando cobrados após a prestação do cuidado de saúde são dados como perdidos.
Júlio Andrade recordou que o orçamento do hospital é de 530 milhões de escudos cabo-verdianos (cerca de 4,8 milhões de euros), dos quais 40% é proveniente do Orçamento do Estado, 30% do Instituto Nacional de Providência Social (INPS) e 30% das taxas moderadoras e das outras cobranças do hospital.
“O hospital tem mais de 300 trabalhadores que recebem com recursos financeiros arrecadados pelo hospital. Não podemos deixar de ter alguma exigência no pagamento das taxas moderadoras, caso contrário entramos em insustentabilidade”, afirmou.
O HAN atende anualmente 110 mil doentes nas urgências, faz 45 mil consultas, meio milhão de exames complementares e laboratoriais, 4.000 partos, 1.500 cesarianas e 7.500 cirurgias.
Com Lusa
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