O artista plástico e um dos mentores do antigo Centro Nacional de Artesanato faleceu hoje, no Mindelo, aos 85 anos, deixando um “património imenso” à cultura cabo-verdiana, tal como descreveu o irmão Tchalé Figueira.
Tchalé Figueira, também artista plástico, através da sua página no Facebook, realçou que o seu irmão deixou como herança um “património imenso” à cultura cabo-verdiana.
Uma das últimas aparições de Manuel Figueira em público aconteceu no ano passado, no Mindelo, quando a sua obra serviu de inspiração para o painel de “Grandes conversas” da Feira de Artesanato e Design – URDI e que teve por tema o “Universo criativo de Manuel Figueira”.
Durante a actividade, o crítico de arte português António Pinto Ribeiro exortou as autoridades cabo-verdianas a pensaram na produção de um catálogo que pudesse preservar a obra do artista plástico de “referência internacional”.
Para António Pinto Ribeiro, o co-fundador do antigo Centro Nacional de Artesanato (CNA), juntamente com Luís Queirós e Bela Duarte, era um “artista múltiplo” de referência não só em Cabo Verde, mas também na costa oeste africana e em Portugal.
Sendo assim, asseverou, era preciso tomar a iniciativa enquanto ainda havia possibilidade de trabalhar com Manuel Figueira na recolha, identificação, inventário das obras e da sua biografia.
Por seu lado, o antropólogo cabo-verdiano Manuel Brito Semedo, outro dos oradores do painel, classificou Manuel Figueira como uma “grande figura” a quem se pode fazer uma homenagem ao ouvir falar da sua obra.
O artista plástico, que esteve presente durante todo o debate, assegurou que não estava mais apaixonado pela sua profissão, mas ainda continuava a trabalhar.
Confirmou ainda ser um “observador” de pessoas e de coisas retratadas na sua obra.
Manuel Figueira nasceu no Mindelo, em 1938, e viveu em Portugal entre 1960 e 1974 onde concluiu o curso de Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.
Regressou a Cabo Verde em 1975 para colaborar com a revitalização da cultura popular do arquipélago e em 1976 fundou a Cooperativa Resistência, juntamente com a esposa Luísa Queirós e a colega Bela Duarte com o objectivo de manter viva a tecelagem tradicional cabo-verdiana.
Entre 1978 e 1989 foi director do Centro Nacional de Artesanato.
Fez a sua carreira desde 1963 com exposições em mostras colectivas e individuais, com destaque para exposições na Áustria, Bélgica, Brasil, Espanha, França, Estados Unidos da América, Portugal e, naturalmente, Cabo Verde.
A sua obra está representada em inúmeras colecções públicas e privadas de diversos países, com destaque para as peças incluídas nas colecções do Museu de Ovar, Banco Fomento, Banco Totta & Açores (Portugal), Assembleia Nacional (Cidade da Praia, Cabo Verde), Embaixada de Cabo Verde para a ONU (Nova Iorque), Fundação Pró-Justitae e Palácio da Cultura (Cabo Verde).
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