SOB A MINHA BÚSSOLA
Ponto de Vista

SOB A MINHA BÚSSOLA

Todos nós sonhamos com alguma coisa. Não estou a falar do sonho do sono, mas sim do sonho  do desejo de ser ou de ter. Toda a criação humana é obrigatoriamente produto da nossa mente.

Tudo acontece primeiro na nossa mente e só depois buscamos formas de torna-lo realidade.

Repare que duas pessoas na posse de mesmas coisas podem se manifestar comportamentos diferentes. Um pode ser feliz e o outro não. Isto significa que não é o que calha-nos ter ou ser que nos torna felizes, mas sim aquilo que genuinamente pensamos e desejamos. Conheço muita gente que tem quase tudo, mas mesmo assim são infelizes. Isto porque o que ele tem não foi produto do seu verdadeiro sonho.

Portanto, não é ter muito que nos torna felizes, mas sim ter simplesmente aquilo que desejamos. Acredito que o desafio se encontra em definir ou discernir claramente o nosso desejo. Temos milhões de pensamentos por dia que nos atrapalha em distinguir verdadeiro desejo nosso. Outras vezes a vida apresenta-nos oportunidades fantásticas que acaba nos confundindo ou anestesiando e como consequência desvia-nos do foco principal.

Chega um dia, se calhar um pouco tarde, em que deparamos que se tudo o que temos ou somos fosse convertido em felicidade, o resultado poderá ser  absolutamente nada. Quantas pessoas são proprietários de uma viatura e aos fins de semana não saem para passear com a família, pensando na poupança do combustível? Não seria mais sensato não comprar o carro e guardar o dinheiro já que o desejo maior é poupança?

Hoje enquanto eu caminhava á margem da barragem de Figueira Gorda, vi várias figueiras dentro da água. Paradoxalmente estão secas e podres. Tirei uma lição prática.”Ter não é Poder”. A quantidade não implica felicidade. Como se diz na nossa língua materna: “Txeu ka Txiga, poku resta”.

Tenho reparado que, ao invés de nos orientarmos pela lâmpada do nosso próprio pensamento, tendemos a seguir a luz da lâmpada do vizinho. A pressão mundana remete-nos para conquistas e acumulações de bens e poderes que acaba nos sufocando e caímos em depressão. Já é hora de pararmos e acender a nossa própria lâmpada. A lâmpada interna. É preciso descobrirmos de facto o que faz nos levantar da cama todos os dias e enfrentar este mundo. Há pessoas que tornam as suas vidas uma amargura infinita por causa de um acontecimento “ subalterno".Digo subalterno porque muitas vezes o que aconteceu não afeta em nada o seu verdadeiro sentido de viver e a sua felicidade.

No entanto, a pessoa fica lá como uma vaca a remoer aquilo que lhe provoca cada vez mais indigestão. Li algures, que certo dia uma professora fez uma visita de estudos com os seus alunos a um sítio histórico. Chegando no local, o guia reparou que aqueles alunos são todos vítimas de guerra, pois não possuíam membros inferiores. No entanto, estes meninos eram muito felizes. Então o guia perguntou à professora qual era o segredo para tanta felicidade daquelas crianças, que podiam correr, saltar, brincar etc. A professora explicou-lhe que foi feito um profundo trabalho com aquelas crianças no sentido de prepara-las para a vida. Ela terminou a sua detalhada explicação, dizendo que não é o que aconteceu que é o mais importante, mas sim o que você pensa que aconteceu. Para aquelas crianças, saber como se adaptar os seus estilos de  vida e tirar o maior proveito de cada situação era o que mais lhe interessava.

Meu amigo e minha amiga, o que é que você acha sobre o que aconteceu? O que é que te motiva a ser feliz? É dinheiro, amor, simplicidade, luxo, glamour? Então se defina de uma vez por todas e se ajuste neste sentido. O segredo é organizar e controlar o seu pensamento. O seu pensamento provoca o seu sentimento e o seu sentimento gera o seu desejo e o seu desejo é uma ordem. Então tenha pensamentos claros e ordeiros. Sem rodeios e deturpações. Viva seguindo a bússola interna. Não adianta seguir a bússola do seu amigo ou amiga porque certamente o que lhe dá sucesso pode não lhe servir, e o que ele quer pode não ser útil para você.

Partilhe esta notícia

SOBRE O AUTOR

Redação

    Comentários

    • Este artigo ainda não tem comentário. Seja o primeiro a comentar!

    Comentar

    Caracteres restantes: 500

    O privilégio de realizar comentários neste espaço está limitado a leitores registados e a assinantes do Santiago Magazine.
    Santiago Magazine reserva-se ao direito de apagar os comentários que não cumpram as regras de moderação.