A Zanu-PF, partido que sustenta o Governo, vai votar a destituição do presidente da república e chefe do partido Robert Mugabe. O partido responde assim à recusa de Mugabe em cumprir o ultimato de resignação, que tinha como data limite esta segunda-feira, 20.
Má conduta grave e violação à constituição são as principais motivações do partido para pôr em marcha um processo de “impeachment”. O partido de Robert Mugabe acusa-o de ter deixado a primeira-dama Grace Mugabe “usurpar” o poder.
Menos de uma semana após ter sido detido pelo exército, Robert Mugabe veio público domingo, 19, reafirmar a sua permanência no poder. Sem se referir directamente aos apelos de resignação, garantiu, na mesma comunicação, que continuará a ser presidente depois da crise actual.
Nesta sequência o partido anunciou que vai avançar com um processo de destituição no Parlamento.
É o escalar da crise política no país, motivada pela falta de consenso quanto à sucessão de Mugabe.
Os distúrbios começou há duas semanas, depois da demissão do deputado, Emmerson Mnangagwa, então vice-presidente de Mugabe, que também foi expulso do partido. Esta decisão, de chefe de Estado foi vista como uma tentativa de posicionar a primeira-dama, Grace Mugabe, como sua sucessora, o que irritou as Forças Armadas.
Depois de terem anunciado a sua intervenção, os militares comunicaram, na quarta-feira passada, que tinham o presidente sob custódia, em prisão domiciliária.
Os militares negaram, contudo, desde a primeira hora, um golpe de estado e garantiram que o Mugabe e a família encontram-se a salvo. Afirmam querer unicamente a resignação do presidente e a indicação por parte do partido que sustenta o governo de um novo candidato às eleições de 2018.
A este respeito a Zanu-PF já se pronunciou, indicando Emmerson Mnangagwa como novo chefe do partido e candidato à presidência do país.
Um nome também polémico, já que Emmerson Mnangagwa, que já esteve à frente dos serviços secretos do país, é acusado pelos seus críticos de envolvimento em crimes contra os direitos humanos no Zimbabwe.
Robert Mugabe tem sido duramente contestado pela oposição local e pela comunidade internacional, que recentemente pressionou a OMS a anular a nomeação do mesmo como embaixador da boa vontade.
No entanto esta é a primeira vez que o próprio partido exige a sua partida. Uma posição também defendida pela associação dos veteranos, que numa decisão inédita mostrou-se favorável a uma mudança de liderança no país.
Nos últimos dias a capital do país, Harare, tem sido palco de manifestações populares a exigir o fim da era Mugabe, que dirige o país desde a independência do Reino Unido, em 1980.
O processo de destituição deverá ser concluído em poucos dias, de acordo com informações avançadas pelo partido.
Aos 93 anos Mugabe é o líder africano há mais tempo no Poder.
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