Resumidamente, o texto do Comandante Elias Silva é uma obra rica em conteúdo e crítica social, que provoca o leitor a refletir sobre a política em Cabo Verde e a necessidade de um compromisso renovado com a ética e o bem-estar coletivo. A prosa é clara, envolvente e, acima de tudo, necessária em tempos em que a política muitas vezes se distancia das necessidades reais da população. A coragem do autor em expor suas opiniões e experiências é digna de elogio e merece ser amplamente divulgada e discutida.
A análise do texto do Comandante Elias Silva, revela uma profunda reflexão sobre a política cabo-verdiana, entrelaçando memórias pessoais e críticas contundentes à realidade atual. O autor, com uma prosa envolvente e incisiva, consegue articular suas experiências e observações de forma a despertar no leitor uma série de questionamentos sobre a ética, a responsabilidade e a eficácia da política em Cabo Verde.
Desde o início, a narrativa é marcada por uma intertextualidade rica, que remete à história colonial e à luta pela liberdade, simbolizada pela figura da avó de Waldemar Bastos. Essa conexão com o passado serve como um pano de fundo para a crítica contemporânea, onde a política, que deveria ser um instrumento de promoção do bem-estar coletivo, se transforma em um meio de enriquecimento pessoal e favorecimento de interesses particulares. A habilidade do autor em transitar entre o passado e o presente confere ao texto uma dimensão histórica que enriquece a análise.
A crítica à política cabo-verdiana é incisiva e fundamentada. O Comandante Elias não hesita em expor a realidade de localidades como Banana, onde a falta de infraestrutura básica e a luta por recursos essenciais, como água, são retratadas de forma vívida. A descrição das dificuldades enfrentadas pela população local é um chamado à ação e à reflexão sobre as prioridades dos governantes. O autor não apenas narra, mas provoca o leitor a questionar a lógica por trás das decisões políticas que parecem desconsiderar as necessidades mais urgentes da população.
Além disso, a crítica à Assembleia Nacional e aos seus membros é uma das partes mais impactantes do texto. O autor evoca figuras do passado que, segundo ele, traziam uma qualidade e um compromisso com a política que parecem ausentes hoje. A comparação entre os parlamentares atuais e os de épocas anteriores é uma forma eficaz de evidenciar a degradação do debate político e da ética no exercício da função pública. A menção a figuras como Abílio Monteiro Duarte e outros deputados de destaque do passado contrasta com a insatisfação atual, criando um sentimento de nostalgia e uma demanda por uma política mais digna e comprometida.
O texto também aborda questões sociais contemporâneas, como a paridade de gênero, de forma crítica e provocativa. O autor questiona a eficácia das demandas por paridade num contexto onde as mulheres, apesar de serem a maioria, ainda confiam mais nos homens para representá-las. Essa análise é uma contribuição importante para o debate sobre a representação política e a necessidade de uma mudança de mentalidade que vá além das normas estabelecidas.
Por fim, a reflexão sobre a figura do Presidente José Maria Neves e as controvérsias que o cercam é uma parte crucial do texto. O autor não se esquiva de abordar a complexidade da política, reconhecendo que as críticas muitas vezes são motivadas por rivalidades pessoais e políticas. A analogia com a história de Caim e Abel é poderosa e ilustra a intensidade das disputas políticas em Cabo Verde, onde a ética e a justiça parecem ser frequentemente sacrificadas em nome de interesses pessoais.
Resumidamente, o texto do Comandante Elias Silva é uma obra rica em conteúdo e crítica social, que provoca o leitor a refletir sobre a política em Cabo Verde e a necessidade de um compromisso renovado com a ética e o bem-estar coletivo. A prosa é clara, envolvente e, acima de tudo, necessária em tempos em que a política muitas vezes se distancia das necessidades reais da população. A coragem do autor em expor suas opiniões e experiências é digna de elogio e merece ser amplamente divulgada e discutida.
*Mestre em Segurança Pública
Comentários
Casimiro Centeio, 1 de Set de 2024
Subscrevo o texto na sua integridade .
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