Cada um, legitimamente, tem da política e dos políticos uma avaliação própria, que resulta dos seus sentimentos sobre as atitudes e os comportamentos dos principais atores políticos ou a efetividade das políticas públicas. Quando os políticos agridem uns aos outros, tentando destruir e eliminar os adversários, estão, quiçá inconscientemente, a destruir a si próprios e a comprometer, muitas vezes irremediavelmente, a imagem de toda a classe política.
A pedagogia política é, pois, fundamental. António Damásio escrevera que é importante “educar massivamente as pessoas para que aceitem os outros... se não houver educação massiva, os seres humanos vão matar-se uns aos outros”
Os partidos e os políticos têm profundas responsabilidades na educação para a cidadania, um dos grandes desafios da democracia . Bobbio escrevera que a educação para a cidadania é uma das promessas não cumpridas da democracia.
Educar para a cidadania na linha da defesa da liberdade, da democracia, da amizade e da tolerância. Aceitar os outros é reconhecer a diferença, é ser tolerante.
A democracia é o debate de ideias. Se nos estribarmos na desejável diferença de ideias, para os debates que são necessários, se aceitarmos que todos têm direito à palavra, se trabalharmos para que as políticas públicas contribuam para o bem comum e para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, a política resulta aos olhos dos cidadãos como atividade humana nobre.
O cansaço das instituições democráticas e o desprestígio da política e dos políticos têm muito a ver com a falta da educação e de preparação para o debate.
Tempo de, em Cabo Verde, pensarmos mais sobre a política, o papel dos partidos e dos políticos, a finalidade dos debates e a fundamental importância da liberdade de espírito e da tolerância para a consolidação da democracia.
A educação política precisa-se, hoje mais do que nunca. A educação para a cidadania é tão necessária quanto urgente. Se não corremos o risco de matar-nos uns aos outros.
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