Meu discurso no dia dos heróis nacionais, na qualidade de porta-voz dos combatentes da liberdade da pátria.
Cabe-me a honra e a responsabilidade neste dia, neste dignificante espaço que até há bem pouco tempo serviu de Sala de Sessões da Assembleia Nacional para neste nobre ato de homenagem aos Combatentes da Liberdade da Pátria ora octogenários, dirigir algumas palavras cumprindo os ditames da praxe que a ocasião impõe.
O meu pensamento e as minhas primeiras palavras vão para a memória do nosso glorioso Amílcar Cabral, cuja inteligência, coragem, sensibilidade e ousadia lhe proporcionaram a genial ideia de lutar contra o cruel regime salazarista com vista as independências da Guiné Bissau e de Cabo Verde e de todos aqueles que com ele lutaram e na decorrência da qual, também, perderam a vida.
Mau grado sua morte cujo aniversário (quarenta e cinco anos), celebramos hoje, ele alicerçou a luta tão bem que, em dois anos após o fatídico dia do seu assassinato, os dois países alcançaram as suas Independências, situações por que ele tanto sonhou e para as quais perdeu a vida.
O ato de homenagem que hoje recebemos é algo que enobrece quem o pratica e reconforta quem o recebe e, neste caso particular, a acção é muito mais reconfortante já que, nós os homenageados, estando numa idade cuja fase é de fragilidade, tanto física como psíquica, recebemos tamanha distinção como um bálsamo que nos vai ajudar a contrabalançar e tentar fintar os “amigos” que acompanham a velhice e que tanto apoquentam as pessoas da nossa idade.
Às pessoas que pensaram ontem e nos fazem hoje esta reverência, só temos que penhoradamente agradecer e afirmar que, apesar dos maus ventos que sopram contra o ato de comemoração deste tão grande dia - 20 de Janeiro - com igual solenidade aos dias 5 de Julho e 13 de Janeiro, lutaremos enquanto vivos, com as forças que ainda nos restam para que esse vaticínio não se concretize e que Cabral continue sempre no lugar que bem merece e a honra a que o devemos como PAI das nacionalidades Guineense e Cabo-verdiana que é.
Permitam-me, caros camaradas, fazer uma menção especial, à uma pessoa especial. Refiro-me à heroína, camarada Amélia Araújo, quem, durante a luta de libertação na Guiné Bissau desempenhou um papel importantíssimo, o de emprestar a sua voz maviosa à rádio libertação de forma tão cativante que estou certo conseguiu mobilizar muita gente. Para ela peço uma salva de palmas bem forte.
Para terminar, senhor Presidente da República, senhor Presidente da Assembleia Nacional, senhor Presidente da Fundação Amílcar Cabral e demais personalidades aqui presentes, em meu nome e no dos demais colegas homenageados também presentes, gostaria de agradecer a vossa ilustríssima presença e afirmar que enquanto Combatentes da Liberdade da Pátria continuaremos a gritar bem alto que CABRAL KA MORE e que ninguém vai ter força nem poder suficientes para também matar o seu nome.
Comentários