Hoje, em Cabo Verde, é caso para afirmar que assistimos a um verdadeiro debate de surdos. Os discursos políticos autocentrados e carregados de promessas, algumas inéditas e outras recicladas de edições precedentes, pouco ou nada afetam um eleitorado que, por sinal, já tem a lição estudada no atinente ao modus operandi dos protagonistas do cenário político. Para muitos, e com alguma razão, o tempo das soluções já se esgotou; resta agora o momento de balanço que é, inevitavelmente, ambíguo. Um balanço que, ancorado em alguns dados e feitos, pode ser positivo. Contudo, com base em outros números e perceções, revela-se negativo. Isto para dizer que, naturalmente, dependendo da posição a partir da qual estamos a avaliar, cada um encontrará motivos para justificar um ou outro juízo.
Por estes dias, o estado das nossas redes sociais, nomeadamente do Facebook, diz muito sobre o estado da Nação. Um país em polvorosa, com comunicados de todo o tipo, notas de imprensa, participações criminais, suspeições, discursos inflamados, publicações com ameaças à integridade física e moral das pessoas. Se no passado, lutámos tanto pela nossa liberdade, hoje, é caso para pensar se não estaremos a pecar pelo excesso.
Temos razões que bastam para perguntar: que Cabo Verde é este? Será tão somente por causa das eleições que se avizinham? Ou será que estamos, perigosamente, a normalizar tais práticas? Da parte dos atores políticos, a julgar pelo histórico recente, talvez seja um “mais do mesmo”. No entanto, a forma de envolvimento da sociedade civil, é que tem ganhado contornos perigosos e até extremos.
O estado da Nação é, incontornavelmente, de alerta. Alerta no setor dos transportes, da eletricidade, da saúde, do saneamento, da comunicação social mas, sobretudo, no ambiente político nacional. Não se perspetivava algo diferente. O fato é que o clima de crispação tem-se agravado e tende a intensificar à medida que nos aproximamos das eleições legislativas de 2026. As últimas investidas políticas prometem doses acrescidas de agressividade e polarização, pelo que se espera ponderação, boa memória e espírito crítico da sociedade civil.
Hoje, em Cabo Verde, é caso para afirmar que assistimos a um verdadeiro debate de surdos. Os discursos políticos autocentrados e carregados de promessas, algumas inéditas e outras recicladas de edições precedentes, pouco ou nada afetam um eleitorado que, por sinal, já tem a lição estudada no atinente ao modus operandi dos protagonistas do cenário político.
Para muitos, e com alguma razão, o tempo das soluções já se esgotou; resta agora o momento de balanço que é, inevitavelmente, ambíguo. Um balanço que, ancorado em alguns dados e feitos, pode ser positivo. Contudo, com base em outros números e perceções, revela-se negativo. Isto para dizer que, naturalmente, dependendo da posição a partir da qual estamos a avaliar, cada um encontrará motivos para justificar um ou outro juízo.
No momento em que estamos, nem as estatísticas são tidas como fatos, nem as perceções populares são vistas como credíveis. Portanto, insistir nas narrativas convenientes, quer nos palcos parlamentares, quer nas redes sociais e aumentar o volume de reprodução das mesmas parece ser a estratégia definida pelos departamentos de marketing e comunicação.
Outrossim, é impossível ignorar os efeitos catastróficos da desinformação. A proliferação de fake news, teorias da conspiração e campanhas orquestradas de descredibilização dos adversários políticos agrava o cenário. Muitos cidadãos, movidos pela frustração ou pela desconfiança, acabam por partilhar conteúdos sem fundamento, contribuindo, ainda que inadvertidamente, para a erosão do debate público.
É neste contexto que a sociedade cabo-verdiana precisa refletir sobre o que deseja preservar e o que quer mudar. A indiferença não é uma opção. A resignação também não. Cabe à cidadania ativa resgatar o espaço da crítica informada e da exigência responsável. Porque a alternativa é o ruído, e no ruído, o futuro desta Nação poderá não ser tão risonho quanto se pretende.
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A equipa do Santiago Magazine