A associação cabo-verdiana da ilha da Brava, Biflores, está a recolher até 1.500 litros de água por dia a partir do nevoeiro, após instalar um novo sistema feito com rede metálica, baseado numa técnica aprendida nas Canárias.
Em maio, com três captadores mais simples — feitos com redes plásticas — o máximo atingido era de 700 litros.
"O novo captador foi instalado em junho, depois de termos aprendido a técnica numa visita às Canárias. É construído com rede metálica e consegue captar até três vezes mais água do que os modelos tradicionais", explicou à Lusa o diretor da associação Biflores, Dheeraj Jayant.
A estrutura, composta por uma armação metálica e faixas de rede esticadas na diagonal, é colocada nas zonas mais altas da ilha, onde o nevoeiro é mais frequente e denso.
À medida que as nuvens baixas atravessam as redes, a humidade condensa-se, formando gotas que escorrem para uma base de recolha.
Com este novo sistema, a associação consegue recolher entre 600 a 1.500 litros de água por dia.
A água recolhida é armazenada em oito depósitos de 200 litros e em três reservatórios com capacidade para duas toneladas cada.
É usada para regar um viveiro comunitário com quatro mil plantas, entre espécies endémicas, frutíferas e forrageiras e também serve para apoiar os criadores de gado da zona.
"A comunidade participa diretamente nas plantações. É um projeto coletivo que beneficia toda a ilha", acrescentou o responsável.
A ideia nasceu como resposta às secas no país, que afetam a agricultura e a conservação da biodiversidade.
Em outubro de 2023, três membros da Biflores viajaram até às Canárias para aprender técnicas de captação de água através do nevoeiro — uma alternativa viável face à escassez de chuva.
Na altura, esperavam conseguir recolher até 400 litros por dia.
Depois de ultrapassarem essa meta em maio, decidiram expandir o projeto, que conta agora com seis captadores instalados desde 2024, incluindo modelos tradicionais e mais recentes, com rede metálica.
O projeto conta com apoio do Ministério da Agricultura e Ambiente, da organização não-governamental francesa Smilo, dedicada a iniciativas em pequenas ilhas, e da embaixada da Alemanha.
A associação pretende instalar mais 11 captadores até ao final do ano e quer expandir o sistema a outras zonas húmidas da Brava e de outras ilhas de Cabo Verde.
A Brava, a mais pequena das nove ilhas habitadas de Cabo Verde, é a que está situada mais a sul e conta com cerca de 5.600 habitantes.
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A equipa do Santiago Magazine