Adolescência em Perigo: O Silêncio que Custa Caro a Cabo Verde!
Ponto de Vista

Adolescência em Perigo: O Silêncio que Custa Caro a Cabo Verde!

O papel do Estado não pode resumir-se a discursos de circunstância nem a campanhas ocasionais para “inglês ver”. A proteção da juventude exige ações contínuas, firmes e articuladas entre escolas, famílias, igrejas, organizações comunitárias e autoridades competentes.

A adolescência cabo-verdiana vive hoje um dos seus momentos mais críticos. Cada vez mais jovens entram precocemente em universos que deveriam estar longe do seu quotidiano: prostituição, consumo abusivo de álcool e drogas, exposição a conteúdos impróprios e formas de violência simbólica que a sociedade parece não estar a conseguir controlar. As plataformas digitais — de acesso fácil e cada vez mais presentes na vida dos adolescentes — transformaram-se em verdadeiros territórios sem dono, onde circulam vídeos e práticas que nenhuma criança ou jovem deveria normalizar. O mais alarmante é que muitos pais e mães desconhecem por completo o que @s filh@s consomem nos ecrãs dos seus telemóveis.

É evidente que o Estado dispõe de leis, códigos de conduta e instituições supostamente preparadas para proteger os menores. Mas, diante do crescimento destes fenómenos, uma pergunta ecoa de forma inevitável:

Onde está a fiscalização?

O papel do Estado não pode resumir-se a discursos de circunstância nem a campanhas ocasionais para “inglês ver”. A proteção da juventude exige ações contínuas, firmes e articuladas entre escolas, famílias, igrejas, organizações comunitárias e autoridades competentes.

No entanto, é preciso reconhecer que nenhuma lei, por melhor escrita que esteja, substitui o papel da família. Pais e mães continuam a ser a primeira linha de defesa na formação de valores, no acompanhamento diário e na construção de limites saudáveis. Sem diálogo, sem presença e sem supervisão, o terreno torna-se fértil para desvios que, mais tarde, toda a sociedade é obrigada a pagar.

Enfrentamos, portanto, um problema estrutural que exige respostas igualmente estruturais. É urgente investir numa educação mais completa - que forme para a cidadania, para a ética e para o uso responsável da tecnologia. É preciso reforçar a fiscalização e adotar políticas públicas sérias, que não fiquem apenas no papel. E, acima de tudo, é necessário desenvolver um “olhar” mais atento sobre esta nova geração que cresce muitas vezes solta, sem orientação e sem rumo.

No fim, resta-nos uma reflexão inevitável: Afinal, que futuro queremos para os nossos jovens?

 

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