A nossa responsabilidade é dar voz ao povo salense: Para falar da água que nos falta, da terra que nos está a ser retirada e do futuro que está a ser vendido ao desbarato. PARA QUEM DEVE FLUIR A RIQUEZA DA ILHA DO SAL, SENÃO PARA O POVO DA ILHA DO SAL? Pelo nosso passado, pelo nosso presente e pelo nosso futuro.
Caros Municipes,
A Ilha do Sal é mais do que um destino turistico. É o lar de muitas gerações de Salenses, que contribuiram arduamente para converter a Ilha num dos principais motores da Economia Nacional. Hoje somos o terceiro maior contribuinte para o Produto Interno bruto de Cabo Verde.
Uma terra de acolhimento, um polo de migração interna e um cartão de visita internacional.
No entanto, paga-se caro o preço deste desenvolvimento.
Todos nós reconhecemos que O turismo gera riqueza.
Mas a pergunta que se impõe, que ressoa em cada rua de Santa Maria, em cada lar de Pedra de Lume, em cada esquina de Espargos e Palmeira:
PARA QUEM FLUI ESTA RIQUEZA?
Será que esta riqueza está chegar à mãe de familia salense que representa hoje 21% dos agregados familiares da Ilha?
Será que está a chegar ao jovem salense, muitas vezes confinado a empregos precários e mal remunerados em empreendimentos turisticos milionários?
Será que chega ao comerciante sufocado pela economia informal e por bairros carentes de poder de compra?
A verdade, nua e crua, é esta: a riqueza gerada pelo turismo na Ilha do Sal não está a resolver os nossos problemas.
A mão-de-obra barata não é desenvolvimento. É sim exploração.
A realidade social é cada vez mais preocupante: o aumento de casos de abuso de menores, prostituição infantil, o consumo excessivo do alcool e drogas entre os nossos jovens. Não são meros acidentes. São sintomas de uma estrutura social em colapso, alimentada por um modelo economico que prioriza o lucro em detrimento da dignidade humana.
Como explicar que, uma ilha que movimenta milhões com o turismo, a Câmara Municipal continue a distribuir tantas cestas básicas e com tanta frequência?
PARA QUEM FLUI A RIQUEZA DO TURISMO DA ILHA DO SAL?
Estamos a ser empurrados para fora das nossas comunidades.
O custo de vida disparou. Os preços de terreno e da habitação tornaram-se proibitivos.
Os salenses estão sendo empurrados para a periferia.
A nossa terra está a ser convertida num produto de exportação, ao invés de ser um lar com dignidade para os nossos filhos.
O lixo, por exemplo: mais de 60% dos residuos sólidos provém do turismo. Procuramos agora um quarto aterro sanitário numa ilha com apenas 216km2. Aterros sanitários não são politica – São o fracasso da politica ambiental do Sal.
Mas a raiz de todos estes problemas É O CENTRALISMO EXCESSIVO
A Ilha do Sal está subordinada aos interesses que emanam de um poder central distante, alheio à nossa realidade concreta.
As decisões que moldam o nosso futuro são tomadas por quem não conhece a nossa vida, o nosso chão, os nossos desafios.
Mais de 1 milhão de contos é o valor da dívida acumulada do Governo Central para com o nosso municipio desde 2005. Vinte anos de promessas não cumpridas.
Santa Maria continua a ser a Galinha dos Ovos de Ouro de um governo distante.
A UCID propõe uma mudança de paradigma:
PROMOVER A REGIONALIZAÇÃO: Queremos gerir os nossos recursos, definir os nossos caminhos. O desenvolvimento só pode acontecer de dentro para fora.
No contexto desta reforma, elevar Santa Maria a categoria de Municipio, para que o coração do turismo nacional possa finalmente bater por si.
Libertar Pedra de Lume e Santa Maria das concessões arcaicas e privadas que limitam o progresso da nossa gente.
É preciso por fim à posse privada sobre o que é do povo!
Este discurso não é contra o turismo, não é contra o investidor. Pelo contrário: queremos um turismo sustentável, inclusivo e de qualidade, que respeite o ambiente, valorize a cultura local e distribua riqueza de forma justa entre os salenses e justa para a Ilha do Sal.
A UCID PROPOE Mudança de paradigma: Um pacto social, multipartidário; sectores publicos e privados, num Plano Estratégico, com metas de curto, médio e longo prazo horizonte 2050, para o DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIGITALIZADO DA ILHA DO SAL, assente nos pilares
DO TURISMO RESPONSAVEL
DA ECONOMIA AZUL
DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS
E DA TECNOLOGIA
Diversificar a economia, reduzir a dependência externa e criar oportunidades para a juventude.
Precisamos de instituições fortes, de transparência e, sobretudo de audácia reformista.
As eleições de 2026 devem ser o palco para este importante debate.
A nossa responsabilidade é dar voz ao povo salense:
Para falar da água que nos falta, da terra que nos está a ser retirada e do futuro que está a ser vendido ao desbarato.
PARA QUEM DEVE FLUIR A RIQUEZA DA ILHA DO SAL, SENÃO PARA O POVO DA ILHA DO SAL?
Pelo nosso passado, pelo nosso presente e pelo nosso futuro.
Muito obrigado.
Viva Djadsal.
Informamos que, temporariamente, a funcionalidade de comentários foi desativada no nosso site.
Pedimos desculpa pelo incómodo e agradecemos a compreensão. Estamos a trabalhar para que esta funcionalidade seja reativada em breve.
A equipa do Santiago Magazine