Edson Ribeiro disse hoje à Inforpress que desistiu da candidatura à liderança da UCID, alegando que “não estão criadas as condições” para uma disputa “democrática e de igual para igual”.
“Face a esta situação não convinha participar num processo em que, à partida, as condições de igualdade dos candidatos estivessem reunidas”, apontou Edson Ribeiro, garantindo que vai participar no Congresso da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição), previsto para os dias 25, 26 e 27 deste mês, na cidade do Mindelo, São Vicente.
Sobre um eventual défice democrático no seio UCID, Ribeiro evita tocar no assunto, mas foi adiantando que “não faz sentido participar num processo para legitimar alguns aspectos” que, do seu ponto de vista, “não são positivos e, por conseguinte, devem ser melhorados”.
Garantiu que foi convocado, mas a sua participação está a depender do envio dos bilhetes de passagem, que, neste momento, aguarda.
Instado se esta convocatória vai deitar por terra os argumentos do ainda líder dos democratas cristãos, António Monteiro, que vinha dizendo que ele não é militante da UCID, Edson Ribeiro afirmou que sim.
“O posicionamento do actual líder da UCID tem sido basicamente nesta linha [de que ele não é militante do partido], mas internamente todos sabem da minha condição de militante”, frisou Edson Ribeiro.
Segundo ele, o próprio João Santos Luís, seu outrora adversário na corrida à liderança deste partido, reconhecera, internamente, que ele é militante da UCID.
“Isto mostra que reúno as condições para que, efectivamente, pudesse me candidatar”, comentou.
A candidatura de Edson Ribeiro contava com um “apoio de peso”, ou seja, do antigo líder histórico da UCID, Lídio Silva.
Perguntado se a sua decisão não vai defraudar as espectativas do fundador do partido democrata cristão, respondeu nesses termos: “A minha decisão não defrauda nem as expectativas do dr. Lídio Silva nem às expectativas dos outros militantes simpatizantes que abraçaram a minha causa”, adiantando que o membro fundador da UCID está ciente de que a sua desistência tem a ver com a falta de condições internas para que houvesse uma “verdadeira disputa democrática interna”.
“Quando tomei a decisão de me candidatar, ficou claro que era também preciso que fossem criadas as condições para que o processo avançasse. Estivemos todo o tempo na expectativa de isto acontecer, mas, entretanto, não aconteceu”, apontou.
Apesar de ter desistido da candidatura à presidência da UCID, manifestou-se disponível para continuar a trabalhar em prol do crescimento deste partido, mas, sublinhou, “para isto deve haver também uma mudança radical na forma de gestão do próprio partido”.
“Quando digo uma mudança radical na forma de gestão do partido, que dizer com isto que se deve trabalhar naquelas que eram uma das linhas orientadoras do projecto que eu estava a liderar, que é a questão da união interna e, também, de uma maior inclusão e democracia interna”, precisou Edson Ribeiro.
Para o professor universitário, o seu projecto de candidatura contemplava uma penetração da UCID em todos os cantos do País e posicioná-la como um “verdadeiro partido de âmbito nacional”.
“A minha colaboração com partido ficará sempre à mercê das condições que se vier a criar e, obviamente, do tipo de liderança que se vier a exercer”, admitiu, concluindo que a UCID, pela sua natureza, “deve sempre servir aos cabo-verdianos e não apenas um grupo”.
Edson Ribeiro anunciou a sua candidatura em Dezembro de 2021, e, conforme ele confessou, desde esta altura começou a verificar-se “interferências de alguns elementos da actual direcção do partido numa clara tentativa de condicionar e excluir o projecto por ele liderado”.
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