UCID acusa primeiro-ministro de “proteger militantes e amigos do MpD” que ocupam altos cargos
Política

UCID acusa primeiro-ministro de “proteger militantes e amigos do MpD” que ocupam altos cargos

O presidente da UCID disse hoje que o Governo utiliza “dois pesos, duas medidas” nos ajustes salariais e acusou o primeiro-ministro de “gestão enviesada” dos recursos, quando se trata de “proteger amigos e militantes do seu partido”.

O líder da UCID, João Santos Luís, falava hoje, no Mindelo, em conferência de imprensa, com foco na recente resolução 60/2023, de Setembro, publicada na I.ª Série do BO n.º 97, que autoriza aumento salarial ao governador e administradores do Banco de Cabo Verde (BCV).

Aliás, conforme a mesma fonte, a citada resolução vem confirmar que “efectivamente” o Governo está “mais interessado em proteger os militantes e amigos” do Movimento para a Democracia (MpD, poder) que “ocupam altos cargos no País”.

“Quando se trata de proteger os amigos e militantes do seu partido e os próprios membros do Governo, ele não pensa duas vezes e resolve a situação num toque de caixa, reunindo o Conselho de Ministros e, num estalar de dedos, coloca os seus salários lá em cima, sem qualquer pudor, deixando as migalhas para as restantes classes profissionais e a maioria dos trabalhadores cabo-verdianos”, declarou o presidente da UCID.

Santos Luís, no entanto, fez questão de salientar que o seu partido “não tem nada contra” o governador e os administradores do BCV ou outros administradores de quaisquer outras empresas ou instituições terem as suas remunerações conforme entender o Governo.

“O que questionamos é a constante insensatez do primeiro-ministro e da sua equipa, em questões desta natureza”, concretizou a mesma fonte, ou seja, continuou, para a melhoria de qualidade de vida da maioria dos trabalhadores e famílias cabo-verdianas o País “não tem condições de suportar”, mas para “engordar ainda mais os salários daqueles que ganham bem”, aí “já o País consegue ter essas condições”.

O presidente da UCID revisitou as discussões para a aprovação do Orçamento do Estado de 2023, quando o Governo “rejeitou categoricamente” propostas para a atribuição, aos trabalhadores e pensionistas cabo-verdianos, de um “justo aumento” salarial face ao “elevado custo de vida” que se vivia no País.

“Aqui, como argumento, o Governo encontrou a falta de condições do País, tendo em conta o início de retoma económica e a incerteza que ainda pairava a nível mundial com repercussão também em Cabo Verde”, lembrou a mesma fonte, que classificou a justificação de “falaciosa”.

Naquela ocasião, clarificou, o Governo impôs aos trabalhadores cabo-verdianos “um mísero reajuste salarial” que abrangeu 10.938 funcionários da Administração Pública e 6.561 pensionistas, ficando para trás outros milhares por terem salários superiores a 69 mil escudos.

A UCID aproveitou para pedir novos instrumentos para a regularização da disparidade existente entre o salário mínimo nacional aplicado na Administração Pública e no sector privado, bem como os salários dos pensionistas do regime contributivo, que estão “abaixo do salário mínimo nacional”.

Por fim, João Santos Luís desafiou o primeiro-ministro e o seu Governo para terem a “suficiente ousadia” e promoverem um estudo de reestruturação da tabela salarial do País e a sua implementação através de planos plurianuais, que se traduza num “maior equilíbrio salarial” a nível nacional e, consequentemente, “diminua o fosso entre os que ganham razoável ou bem e os que têm salários de miséria”.

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