Está aberta a guerra. Ana Gomes é uma eurodeputada pertencente ao Partido Siocialista português e apresentou uma participação contra o ex-embaixador da União Europeia em Cabo Verde, José Manuel Pinto Teixeira, ao parlamento europeu, acusando o diplomata de ter adquirido um terreno na zona da Prainha, cidade da Praia, atribuído pela Câmara Municipal da Praia, alegadamente como pagamento pelos apoios políticos dispensados ao partido no poder, o MpD, durante as últimas eleições realizadas em Cabo Verde.
A participação de Ana Gomes suscitou a abertura de um inquérito sobre as acções do diplomata Pinto Teixeira enquanto representante da União Europeia em Cabo Verde, de 2012 a 2017. O Gabinete Anti-Fraude Europeu pretende avaliar a conduta do ex-representante da União Europeia em Cabo Verde, estando em causa suspeitas de benefício pessoal em troca de favorecimento político com recurso a fundos europeus.
Quando esta notícia foi divulgada pelos órgãos de comuncicação social, o MpD disse que nada tinha a declarar sobre as afirmações da eurodeputada.
Entretanto, hoje o partido liderado por Ulisses Correia e Silva resolveu dar o dito pelo não dito, e emitiu um comunicado de imprensa, onde entre outras coisas, "lamenta que a eurodeputada se tenha transformado numa caixa de ressonância pública de rumores, de acusações e de devaneios postos a circular, sem ter o cuidado de pelo menos avaliar outras fontes e de sentir pelo menos um cheirinho do contraditório".
Por outro lado, o MpD considera que "ao referir-se ao embaixador Pinto Teixeira, a eurodeputada está implicitamente a referir-se à UE, que através de um seu representante teria interferido nas eleições do país onde estava acreditado", pelo que "solicita às instâncias competentes da UE que se pronunciem sobre essas graves acusações da eurodeputada Ana Gomes que atingem as instituições cabo-verdianas e da UE".
A eurodeputada Ana Gomes esteve de visita à capital cabo-verdiana em Setembro do ano passado, integrando uma delegação do Grupo dos Amigos de Cabo Verde no Parlamento Europeu. E é durante esta visita é que Gomes teria tomado conhecimento deste caso, sobretudo por meio da comunicação social e demais informações que então circulavam nas redes sociais.
Na verdade, a decisão da Câmara Municipal da Praia em atribuir 960 metros quadrados de terreno ao diplomata Pinto Teixeira não caiu bem no seio da sociedade cabo-verdiana. E muitos não esconderam a sua indignação de várias formas, sendo as redes sociais o meio mais usado. Até a Embaixada de Portugal em Cabo Verde manifestou o seu desagrado em relação ao negócio na sua página oficial do facebook.
A Câmara Municipal da Praia, por seu turno, defendeu alegando que tal negócio se deveu aos excelentes trabalhos desenvolvidos por Pinto Teixeira em Cabo Verde, entre outras justificativas que demonstram uma certa submissão a eventuais trocas de favores.
O edil da capital, Óscar Santos, chegou inclusive a declarar que Cabo Verde e cidade da Praia devem muito mais ao embaixador Pinto Teixeira por tudo o que fez em prol deste país e deste município, do que um simples lote de terreno.
O vereador Rafael Fernandes defendeu que Pinto Teixeira pagou um valor jamais pago por um terreno na cidade da Praia, e que a Câmara Municipal da Praia estaria aberta a apresentar toda a documentação deste negócio.
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