O presidente da UCID, António Monteiro, classificou hoje a detenção do advogado e ex-procurador da República Amadeu Oliveira, de “vergonha nacional” e pediu que a mesma seja suspensa, o quanto antes a bem da tranquilidade e paz social.
Em conferência de imprensa na cidade da Praia para reagir ao acto de detenção que presenciou e filmou, António Monteiro, disse que houve um “exagero e um abuso de poder”, não por parte dos agentes policiais que cumpriram a sua missão, mas da parte do tribunal que mandou deter o advogado como se de um alto criminoso se tratasse.
“Nós estamos a falar de um advogado que conhece bem a lei, um ex-procurador da República, um grande advogado, um homem que luta por uma justiça transparente. Pode até exagerar na sua forma de falar e de agir, mas aqui o essencial é o que está por detrás dessas situações”, disse.
“Achamos que a actuação não foi a melhor, até porque lendo o mandado de detenção ao falar em militares isso implica dizer que estamos a falar de um alto criminoso o que nem de perto e nem de longe é o caso de Amadeu Oliveira”, acrescentou.
António Monteiro salientou que a não comparência no tribunal nos dias 6, 7, 8 de Janeiro e no dia 13 de Janeiro (feriado nacional) não justifica a decisão extrema, até porque, conforme adiantou, as faltas ao tribunal foram todas justificadas pelo advogado Amadeu Oliveira.
“Se ele faltasse amanhã, acho que sim, a juíza poderia emitir um mandato naquele momento para ir buscar o cidadão para depor no tribunal. No momento, a decisão era considerada razoável porque nós não estamos a falar de um criminoso”, disse, acrescentando que apesar de ter tomado conhecimento pelos órgãos de comunicação social do julgamento desta segunda-feira, 22, o mesmo já tinha manifestado “publicamente que ia colaborar com a justiça”.
“O advogado Amadeu Oliveira teve conhecimento do julgamento que vai acontecer amanhã através dos órgãos da comunicação social. Em nenhum momento foi notificado. Portanto nós não entendemos como é que não se notifica um cidadão e manda-se deter este cidadão para comparecer à justiça”, sustentou.
António Monteiro aproveitou desde já para esclarecer que a UCID não está a querer intrometer-se na justiça, mas sim a defender a sua causa que passa por uma justiça transparente e justa em Cabo Verde.
O advogado Amadeu Oliveira foi detido no final da tarde de sábado, 20, na cidade da Praia, pela Polícia Nacional através da Direcção Central de Investigação Criminal.
O advogado é acusado pelo Ministério Público de 14 crimes de ofensa e injúria contra os juízes do Supremo Tribunal de Justiça, Benfeito Mosso Ramos e Fátima Coronel, a quem vem apelidando de “gatunos, falsificadores e aldrabãozecos”.
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