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Parlamento. PAICV diz que actual maioria “lida muito mal” com a liberdade de imprensa
Política

Parlamento. PAICV diz que actual maioria “lida muito mal” com a liberdade de imprensa

O deputado e presidente do PAICV, Rui Semedo, disse hoje no Parlamento que a atual maioria “lida muito mal” com a liberdade de imprensa e que esta atitude está na origem da queda que Cabo Verde registou no índice da classificação dos repórteres sem fronteira.

No seu discurso no arranque do debate mensal com o primeiro-ministro, Ulisses Correia, sobre a Comunicação Social, que a Comunicação Social que há hoje “não é fruto de um mero acaso”, mas sim, obra de várias gerações de jornalistas e profissionais da imprensa escrita e audiovisual que, em condições “extremamente difíceis”, puseram de pé as raízes que suportam esta edificação que, apesar de falhas, nos engrandece e orgulha a todos.

“Todos sabem que o caminho percorrido não foi fácil, desde logo pela escassez de recursos pelas limitações técnicas e tecnológicas, pelas dificuldades na ligação entre as ilhas, pelas limitações do quadro definidor da carreira profissional, pelas tentações do poder em condicionar, instrumentalizar ou mesmo manipular”, disse.

Apesar de todos os condicionalismos, frisou Rui Semedo que estas mulheres e homens de barba rija contribuíram para informar e formar o povo das ilhas e contribuíram também para o desenvolvimento desta Terra.

“Conheceram dias difíceis quando viram sindicalistas serem presos quando defendiam a classe ameaçada ou quando jornalistas foram despedidos e processados judicialmente pelo Governo. Não perderam a coragem quando alguns colegas tiveram que pedir asilo no estrangeiro para fugir às ameaças que constituíam as pilhas de processos intentados pelo Estado”, ressaltou.

Esses profissionais, afirmou, resistiram à “humiliação” de terem sidos submetidos a um controle dos “famosos assessores estrangeiros, contratados pelo Governo em 2000, que de dia andavam pelos lados da RTC e à noite no gabinete de campanha do MPD – tudo às custas do erário público”. 

“Provaram instabilidades diversas, mas resistiram, o quanto puderam, aos apetites perniciosos de abrir espaços para a governamentalização dos órgãos e para a manipulação dos seus profissionais. Tiveram mesmo que suportar desatinos de governantes que ousaram, em nome do Governo, apelidar os jornalistas de incompetentes e impreparados”, pontuou, acrescentando que estes “resistiram sempre como fizeram também quando se quis limitar a margem de manobra dos profissionais com o malfadado código de ética rejeitado por todos, mas mesmo assim imposto pelo poder, depois de várias peripécias”. 

Rui Semedo prosseguiu afirmando que se poderá falar mal das regras, esconjurar os critérios e até arvorar-se em vítimas do sistema, mas, disse que a verdade, que não pode ser escamoteada, é que Cabo Verde tombou nove pontos com regras iguais para o conjunto de países submetidos à mesma avaliação.

“Se é fácil falar mal dos repórteres sem fronteira para justificar o injustificável o que dizer da crise por que passa esses dias a RTC em virtude da não transparência dos recursos da taxa cobrada pela ELECTRA?”, questionou.

“Como permitir que os salários dos trabalhadores sejam ameaçados enquanto que a ELECTRA usa, de forma ilegítima para a sua tesouraria, a contribuição dos cidadãos para o financiamento do sector público da Comunicação Social?”, continuou.

Para este parlamentar, se se quer um Cabo Verde desenvolvido há que se interiorizar, como elemento da cultura, que a comunicação social é fundamental para a saúde da democracia e que a saúde da democracia é um condimento essencial para a promoção do desenvolvimento.

“Para tal temos que investir tanto no sector publico como no sector privado da Comunicação Social para garantir a diversidade e a pluralidade de informações aos cabo-verdianos. Para termos uma imprensa privada pujante e atuante para contribuir para o desenvolvimento e a consolidação da democracia, o Estado tem que assumir claramente as suas responsabilidades, mormente, num mercado de dimensões limitadas onde se regista uma forte concorrência entre o público e o privado, um baixo retorno dos investimentos para além de um forte condicionamento ao acesso do mercado gerado pelo próprio Estado através, nomeadamente, do Governo”, concluiu.

 

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